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Crédito suspenso, incerteza no campo
O governo federal anunciou, em 20 de fevereiro de 2025, a suspensão das contratações de financiamentos subvencionados pelo Plano Safra 2024/2025, com exceção das operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A decisão, que entrou em vigor no dia seguinte, gerou forte reação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que vê na medida um duro golpe para os produtores rurais e alerta para o impacto no custo dos alimentos.
De acordo com o Tesouro Nacional, a suspensão temporária foi motivada pelo aumento da taxa Selic, que saltou de 10,5% em julho de 2024 para 13,25% em janeiro de 2025, encarecendo a equalização das taxas de juros subsidiadas. Além disso, o atraso na aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 contribuiu para a necessidade de rever os gastos com subvenções.
FPA critica gestão do governo e cobra soluções
A FPA não poupou críticas à decisão e à gestão econômica do governo. A entidade destacou que o Plano Safra foi aprovado no orçamento de 2023 e anunciado como “o maior Plano Safra da história”, mas os recursos se esgotaram antes mesmo da conclusão da primeira safra do ano. A bancada ruralista classificou a situação como resultado da “falta de responsabilidade fiscal” e afirmou que a alta dos juros foi impulsionada pela má administração das contas públicas e desvalorização da moeda.
Os parlamentares do setor agropecuário também rejeitaram a justificativa do governo de que o Congresso Nacional seria responsável pela paralisação por conta do atraso na LOA. Para a FPA, a incapacidade do governo em gerir os recursos tem reflexo direto no crédito rural e prejudica toda a cadeia produtiva.
Impacto direto na alimentação da população
Além do prejuízo para os produtores, a suspensão do crédito rural deve afetar diretamente os preços dos alimentos. A FPA alertou que produtos básicos, como proteínas e ovos, terão seus custos elevados, já que a ração utilizada na produção desses itens é feita a partir de grãos – culturas que dependem fortemente do financiamento rural.
A bancada parlamentar enfatizou ainda que, enquanto o setor privado investe R$ 1 trilhão na produção agropecuária, o governo federal atua apenas como um complemento no subsídio de financiamentos. No entanto, a falta de planejamento orçamentário inviabiliza a previsibilidade do crédito, prejudicando pequenos e médios produtores.
Caminhos incertos e pressão por soluções
Mesmo com a suspensão das linhas de crédito equalizadas, o governo manteve as contratações para o Pronaf. Contudo, os demais produtores seguem sem acesso aos financiamentos até a aprovação do orçamento e os ajustes necessários à nova realidade da taxa de juros.
Diante do impasse, a FPA prometeu manter pressão sobre o governo para garantir políticas públicas eficientes que restabeleçam o crédito rural. A entidade reafirmou seu compromisso com os produtores brasileiros e alertou que a falta de recursos pode comprometer o abastecimento e a estabilidade dos preços dos alimentos no país.
A decisão segue gerando debates e acirrando os ânimos entre governo e setor agropecuário. Enquanto isso, o produtor rural, que já lida com os desafios do campo, enfrenta agora a incerteza financeira e a ameaça de colheitas comprometidas.