terça-feira, abril 1, 2025
InícioGestão & NegóciosA luta contra a desumanização: Viktor Frankl e o perigo da "coisificação"

A luta contra a desumanização: Viktor Frankl e o perigo da “coisificação”

Psiquiatra austríaco ensina como encontrar significado na vida e resistir à perda da identidade em tempos difíceis

Foto: Divulgação / Redes sociais

O que é a “coisificação” e por que ela ameaça a humanidade?

Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e fundador da Logoterapia, alertava sobre um fenômeno perigoso que ele chamava de “coisificação” – a tendência de tratar indivíduos como meros objetos, privando-os de sua identidade e dignidade. Para Frankl, essa desumanização ocorre quando uma sociedade ou um sistema reduz as pessoas a números, bens ou ferramentas descartáveis, ignorando sua complexidade e singularidade.

O conceito é um dos pilares da Logoterapia, uma abordagem psicológica que enfatiza a busca de sentido como força central da existência humana. Mesmo em meio às adversidades mais brutais, como a experiência nos campos de concentração nazistas, Frankl demonstrou que encontrar um propósito pode ser a chave para preservar a própria humanidade.


A experiência nos campos de concentração e a resistência interior

Frankl sobreviveu ao Holocausto e transformou sua experiência em uma reflexão profunda sobre a natureza humana. Em seu livro “Em Busca de Sentido”, ele relata como os prisioneiros que conseguiam atribuir um significado ao seu sofrimento tinham maiores chances de resistir emocionalmente à brutalidade dos campos.

- Continua após o anúncio -

Ele observou que os nazistas aplicavam a “coisificação” de forma sistemática, despersonalizando as vítimas por meio de números tatuados na pele, trabalhos forçados e total anulação de suas histórias de vida. No entanto, Frankl percebeu que, mesmo sob tais circunstâncias, havia uma liberdade que ninguém poderia tirar: a liberdade interior de escolher como reagir ao sofrimento.


A Logoterapia como resposta à desumanização

Após sua libertação, Frankl desenvolveu a Logoterapia como uma resposta ao sofrimento e à alienação da modernidade. A terapia se baseia na ideia de que a principal motivação do ser humano não é o prazer (como propunha Freud) nem o poder (como defendia Adler), mas sim o sentido da vida.

Para ele, há três caminhos principais para encontrar esse sentido:

  1. Realizar algo significativo, como um trabalho ou uma criação.
  2. Viver experiências autênticas de amor e conexão com os outros.
  3. Acolher o sofrimento inevitável com uma postura de aprendizado e crescimento.

Essa visão se contrapõe diretamente à “coisificação”, pois devolve ao indivíduo sua autonomia e dignidade, lembrando-o de que ele não é apenas um número em um sistema, mas um ser capaz de transcender suas circunstâncias.


Reflexão atual: como evitar a coisificação nos dias de hoje?

Embora Frankl tenha formulado suas ideias no século XX, a coisificação segue presente no mundo atual. O avanço da tecnologia, o mercado de trabalho impessoal e até mesmo a superficialidade das interações sociais podem levar as pessoas a se sentirem como engrenagens de um sistema, sem identidade própria.

A Logoterapia oferece uma resposta essencial para esse desafio: o ser humano só pode resistir à desumanização quando encontra um propósito maior do que si mesmo. Seja através do trabalho, da arte, dos relacionamentos ou do enfrentamento corajoso das dificuldades, a busca por sentido continua sendo a maior defesa contra a perda da identidade.

Frankl deixou um legado poderoso: o ser humano nunca deve ser reduzido a um objeto, pois dentro dele reside a capacidade infinita de encontrar significado, mesmo diante das circunstâncias mais adversas.

Publicidade

Notícias relacionadas

SIGA O CLICRDC

147,000SeguidoresCurtir
120,000SeguidoresSeguir
13,000InscritosInscreva-se

Participe do Grupo no Whatsapp do ClicRDC e receba as principais notícias da nossa região.

*Ao entrar você está ciente e de acordo com todos os termos de uso e privacidade do WhatsApp