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Jogador brasileiro abandona partida após racismo: ‘Vem comer banana, macaco’; Vídeo

Vítima de ofensas dos torcedores do Blooming (BOL), o brasileiro Serginho, do Jorge Wilstermann (BOL) deixou o gramado aos 40 minutos do segundo tempo, em partida válida pela 13ª rodada do Apertura do Campeonato Boliviano, no último domingo (17).

“As pessoas me xingavam de tudo quanto é insulto racista que você possa pensar: ‘Vem comer uma banana, seu macaco’. Coisas desse tipo. Nunca havia passado na minha vida por isso até chegar aqui”, afirmou Serginho, em entrevista à ESPN.

Serginho durante partida do Boliviano
Foto: Divulgação/Instagram/Jorge Wilstermann

Desde o aquecimento, ele afirma ter escutado sons de macaco da torcida local.

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As ofensas permaneceram até a volta do intervalo, quando ele pediu para que o juiz, Gery Vargas, tomasse uma atitude.

“Eu cheguei para o árbitro, que é da FIFA, e falei: ’Você tem que tomar uma posição. Isso já passou do limite de humanidade. Já não é a torcida contra um jogador adversário, isso é xenofobia. Minha família está assistindo na TV, cara. Tenho um filho pequeno, como é que eles estão na minha casa vendo”, contou o meio-campista.

No começo, Serginho revelou que o juiz pareceu estar bravo com a reclamação, mas depois chamou os capitães das equipes.

Segundo o brasileiro, o representante do Jorge Wilstermann, time do brasileiro pediu para Gery Vargas encerrar a partida, mas os jogadores do Blooming insistiram para que o jogo continuasse e fizeram sinais para que os torcedores parassem com as atitudes. Mesmo assim, os insultos continuaram.

Até que aos 40 minutos do segundo tempo, o brasileiro fez uma boa jogada e foi cobrar um escanteio, mas a torcida voltou a xingá-lo. Então, ele perdeu a paciência e decidiu deixar o estádio.

“Quando eu fui bater, eles começaram novamente: ‘Vou te dar uma banana, pega uma banana aqui, seu macaco’. Tudo isso, com o árbitro do lado. Eu simplesmente cansei. Peguei e saí”, revelou. “Não vou dizer que foi um protesto. Foi uma atitude de você se sentir impotente”, completou.

Com gols dos brasileiros Rafinha e Rafael Barros, o Jorge Wilstermann venceu a partida por 2 a 0.

Outros Casos

Este não foi o primeiro caso de racismo que Serginho sofreu desde que chegou à Bolívia, em 2017.

O brasileiro garante que recebe ofensas também de jogadores e técnicos adversários.

Ano passado, contra o mesmo Blooming, ele foi envolvido em outra polêmica.

“O treinador inventou uma história de que eu havia insultado os bolivianos, só que antes disso ele já havia me xingado de negro e de macaco. Também mandou alguns jogadores me baterem sem bola”, disse.

O então treinador do Jorge Wilstermann, Álvaro Peña, tentou conversar com o técnico adversário. “As imagens na TV mostraram que ele me agrediu verbalmente e foi punido”, revelou Serginho.

Desde o evento, o brasileiro conta que jogar na cidade de Santa Cruz de La Sierra tem sido um problema.

”Toda vez que eu jogo em Santa Cruz, não importa contra qual time, as pessoas me chamam de macaco, de negro, de brasileiro de merda, essas coisas”, afirmou.

Contra o tradicional The Strongest, em La Paz, o meio-campista também foi ofendido por um jogador adversário.

“Ele me chamou de macaco durante o jogo para tentar me desestabilizar. Foi a gota d’água. Não só o jogador como a torcida inteira do The Strongest, fiquei quase 90 minutos jogando com as pessoas me xingando com insultos racistas”, revelou.

Com o seu gesto, Serginho espera que atitudes sejam tomadas para que casos assim não se repitam. Até o presidente da Bolívia, Evo Morales, demonstrou solidariedade ao brasileiro e repudiou a discriminação.

“Nossa solidariedade com Serginho, jogador do Jorge Wilstermann que ontem deixou o gramado, em forma de protesto, após ser vítima de insultos racistas vindo de maus torcedores. O futebol é um esporte que une os povos, não devemos permitir que seja manchado com esses atos discriminatórios” escreveu Morales em sua conta no Twitter.

“Infelizmente, os torcedores quando veem que a equipe está em desvantagem e que um jogador está desequilibrando apelam para esse lado. É algo corriqueiro”, revelou.

“Talvez eu seja o ‘bode expiatório’ para as coisas começarem a mudar. Mas se for para o bem do futebol boliviano, não tem problema nenhum. Tomara que comece a mudar a partir disso”, analisou.

*Informações ESPN

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