A Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) enfrenta uma crise em seu curso de Medicina, com acusações direcionadas a gestão da universidade. As alegações envolvem a má gestão de recursos e a priorização inadequada das vagas para docentes.
Histórico de demandas
O cenário de problemas começou a se desenhar em 2021, quando foi feito um requerimento para a criação de vagas adicionais para docentes e técnicos administrativos no curso de Medicina. No entanto, o pedido não foi atendido. Em 2023, o colegiado de Medicina expressou preocupações sobre a ampliação das vagas de estudantes sem a correspondente contratação de servidores para atender às necessidades do curso.
Em 2024, o Ministério da Educação (MEC) liberou 48 vagas para novos docentes na UFFS. Contudo, a reitoria da universidade retém essas vagas e as distribuiu de maneira que, segundo críticas, não atende adequadamente ao curso de Medicina, ignorando as suas necessidades específicas.
Reclamações e ofícios
O curso de Medicina enfrenta um déficit crítico de 50 docentes médicos desde sua criação, o que tem prejudicado sua operação e qualidade. Segundo informações dos alunos, o reitor teria justificado a falta de contratação com a alegação de orçamento restrito, os altos salários dos gestores revelaram uma discrepância que levanta dúvidas sobre a real capacidade financeira da UFFS para realizar as contratações necessárias.
Apesar da decisão do colegiado aceitar a alocação de 24 das 48 novas vagas para o curso, a administração superior da universidade não destinou essas vagas ao curso de Medicina. Em vez disso, as vagas foram distribuídas entre outros campi e cursos, uma decisão que agravou a crise no curso.
O impacto da má gestão se tornou visível em 12 de agosto de 2024, quando membros-chave do curso de Medicina anunciaram um protesto contra a administração. As ações da administração da UFFS levantam questões legais significativas, incluindo possíveis violações do Código Penal relacionadas ao uso irregular de recursos públicas e prevaricação. Denúncias foram encaminhadas ao Ministério Público Federal e à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior para investigação e possível ação corretiva.
Em conversa com a reportagem do ClicRDC, o acadêmico Davi Lodi relatou que a falta de docentes e técnicos, tem afetado o ensino e gerado um clima terrível entre os estudantes e a direção da universidade. “Hoje o curso de medicina está em uma completa defasagem, tanto de professores, quanto de técnicos administrativos. Então o que a gente está lutando hoje, é pelas vagas de docente e de técnicos, para que o curso continue a sua operação e siga formando profissionais de excelência. Essas vagas estão com o controle da reitoria, porém estão sendo mal distribuídas e nenhuma está sendo destinada para o Curso de Medicina”, relata Davi.
O ClicRDC se coloca a disposição da reitoria da Universidade Fronteira Sul, para os devidos esclarecimentos sobre o assunto.