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Em pesquisa, grupo da UFFS identifica alterações no sistema purinérgico em pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Alterações estão relacionadas a quadro de imunossupressão, o que traz propensão a recorrência e metástases.

Resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Fronteira Sul –
Campus Chapecó, em uma parceria com a UFSC e o Hospital Regional do Oeste (HRO),
foram publicados na Molecular Biology Reports, um periódico científico B2 nas Ciências
Biológicas II e Medicina II. No projeto, o grupo de pesquisadoras estudou marcadores
bioquímicos em pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) e os comparou com
um grupo controle.


A primeira autora do artigo é a técnica de laboratório da UFFS – Campus Chapecó e
doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da UFSC, Filomena Marafon.
A orientadora é a professora da UFFS – Campus Chapecó Margarete Dulce Bagatini
(também credenciada na UFSC). O grupo é multidisciplinar, e, assim, também
participaram da pesquisa: Beatriz da Silva Rosa Bonadiman (já doutora pelo Programa de
Bioquímica da UFSC, orientada, à época, pela professora Margarete); a estudante de
Enfermagem da UFFS Sabine De Rocco Donassolo, à época, bolsista do projeto; as
doutorandas em Farmácia pela UFSC Katiuska Marins e Mariane Magalhães Zanchi; a
estudante de Enfermagem na UFFS Greicy Cristine Kosvosky; a enfermeira e mestranda
em Ciências Biomédicas pela UFFS Helena Fornari Basso e a professora do Programa de
Pós-Graduação em Bioquímica da UFSC e coorientadora de Filomena, Ariane Zamoner
Pacheco de Souza, além da colaboração da fonoaudióloga Luciara Giacobe, que atuava,
à época, no Hospital Regional do Oeste.


A publicação aconteceu em junho, pouco antes do Julho Verde, mês dedicado à
conscientização a respeito do câncer de cabeça e pescoço.
O grupo recrutou voluntários para participar da investigação. Foram 32 voluntários
pacientes que tinham a doença e 33 voluntários controle, sem doenças de base ou
problemas graves de saúde com faixa etária similar e mesmo gênero. Além de coletas de
sangue para as análises bioquímicas, o grupo fez questionários socioeconômicos (que
ainda serão analisados em outro artigo).

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De acordo com a Associação Brasileira Câncer Cabeça e Pescoço (ACBG), “até 2022,
cerca de 75 mil pessoas serão diagnosticadas com câncer de cabeça e pescoço no Brasil,
dos quais 60% terão diagnostico tardio, com impacto negativo na sobrevida dos
pacientes”.


Conforme Filomena, a escolha pelo estudo do CCP surgiu a partir da constatação de
alguns fatores. “Embora a incidência do CCP seja relevante e muitos pacientes tenham prognósticos negativos e até mesmo desfechos ruins, já que geralmente o diagnóstico é
feito tardiamente, ele é menos estudado quando comparado a outros cânceres, como o
de mama e o de próstata”, ressalta ela.


A partir da coleta dos materiais, o grupo avaliou marcadores do sistema purinérgico e
marcadores inflamatórios. Segundo Filomena, os resultados mostraram alterações nos
marcadores estudados dos pacientes. “A alteração é relacionada a um quadro de
imunossupressão. Por estarem imunossuprimidos, os pacientes estão mais propensos a
terem recorrência da doença e metástase. Os marcadores podem ser alvo para uma

terapia futura, uma terapia coadjuvante – e já há estudos mais avançados, ensaios com
esses marcadores. Mostramos que em nossos pacientes também há alteração desses
marcadores”, explica Filomena.


“Esse trabalho reforça a importância da inibição da CD73, que é uma enzima responsável
por aumentar os níveis de adenosina; e a adenosina é pró-tumoral. Assim como já vimos
em outros cânceres que já estudamos no grupo de pesquisa e que é pesquisado no Brasil
e no mundo, a inibição da CD73 é um ponto-chave para controlar o desenvolvimento do
câncer”, esclarece a professora Margarete. “Fármacos inibidores da CD73 já estão em
fase de testes em outros tipos de cânceres, mas com uma projeção boa para testes
clínicos e uma possível comercialização desses inibidores”.


Apesar de ainda não terem publicado o artigo que traz os dados dos questionários, já é
possível perceber, de acordo com ela, que, no grupo de pacientes, há relação com o
tabagismo e com o diagnóstico tardio. Agora, cabem novas avaliações a partir das
informações coletadas com os questionários. “A ideia é criar um perfil dos pacientes com
CCP da região Oeste de Santa Catarina, porque sabemos que há vários fatores de risco
que influenciam ou aceleram a progressão do câncer”, comenta a professora Margarete.
Filomena reforça que, com o entendimento do perfil dos pacientes no Oeste catarinense,
será possível apontar quais os fatores de risco se sobressaem e, posteriormente, atuar na
prevenção com maior assertividade.


A aplicação dos questionários proporcionou outro aspecto ao grupo, que, segundo
Filomena, teve bastante destaque, tanto na questão acadêmica quanto pessoal. “Tivemos
contato com os pacientes. Até fiz uma viagem com os membros do coral ‘Guerreiros do
Oeste’ de laringectomizados totais e, assim, conhecemos um pouco da história deles”,
relata Filomena.


A defesa da tese de Filomena deve acontecer até o fim do ano. A pesquisa, entretanto, foi
relevante não somente na sua trajetória. A estudante que foi bolsista no projeto, Sabine,
destaca que participar da pesquisa trouxe um arcabouço de conhecimentos bastante
importante para a formação. “O contato com os pacientes foi muito enriquecedor. Aprendi
como ter esse primeiro diálogo com pacientes que já estão fragilizados. No laboratório,
aprendi o manuseio de equipamentos e pratiquei, o que melhorou minha destreza manual
e ajudou muito quando cheguei na prática do curso, também. Ainda acrescento a questão
da liderança e do trabalho em equipe. Trago a iniciação científica como algo
importantíssimo na minha trajetória da graduação”, finaliza ela.

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