O presidente Jair Bolsonaro entregou nesta quarta-feira (20) ao Congresso Nacional a proposta de reforma da aposentadoria dos militares.
Ao entrar no gabinete da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Bolsonaro fez um breve discurso no qual pediu “celeridade” na votação da proposta, sem “atropelo”.
Conforme Rodrigo Maia será criada uma comissão especial formada por deputados para analisar o projeto antes de o texto ser votado pelo plenário.
“Humildemente faço um apelo a todos vocês. Desculpem que eu não posso atender todo mundo, peço aquilo que vocês já têm: compromisso com o Brasil. Peço celeridade, sem atropelo, para que as propostas, no máximo no meio do ano, cheguem ao ponto final e possamos sinalizar que o Brasil está mudando”, afirmou o presidente.
Bolsonaro estava acompanhado de integrantes do governo, entre os quais os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Paulo Guedes (Economia), além do secretário de Previdência, Rogério Marinho. Na entrada do Congresso, parlamentares da base aliada aguardavam o presidente.
A redação final do projeto foi aprovada na manhã desta quarta em uma reunião comandada por Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O presidente passou os últimos três dias nos Estados Unidos.
Até a última atualização desta reportagem, a íntegra do projeto ainda não havia sido divulgada pelo governo. Segundo o Ministério da Economia, haverá uma entrevista coletiva ainda nesta quarta-feira para detalhar a proposta.
Entre as mudanças que o governo deve propor estão:
Elevação da alíquota previdenciária de 7,5% para 10,5%;
Aumento do tempo para o militar passar para a reserva (de 30 para 35 anos na ativa);
Taxação de 10,5% nas pensões recebidas por familiares de militares.
A apresentação do projeto sobre os militares era uma exigência de aliados de Bolsonaro para a proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata da reforma da Previdência Social, enviada ao Congresso em fevereiro, ser analisada também.
De acordo com o governo, em razão das especificidades das carreiras militares, o projeto não foi entregue em conjunto com a PEC.
No início desta semana, ao fazer uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que o Ministério da Defesa terá “sensibilidade” para corrigir “possíveis equívocos” no texto.
Rombo do sistema previdenciário
De acordo com o governo federal, o sistema previdenciário brasileiro registrou déficit de R$ 290,2 bilhões no ano passado. Desse total:
R$ 195,197 bilhões corresponderam ao INSS (sistema público que atende aos trabalhadores do sistema privado;
R$ 46,4 bilhões corresponderam ao regime próprio de servidores civis;
R$ 43,9 bilhões corresponderam ao regime de aposentadoria dos militares;
R$ 4,8 bilhões corresponderam ao Fundo Constitucional do Distrito Federal.
No caso dos militares, no fim de 2017:
158.284 estavam na reserva;
223.072 eram pensionistas;
145.563 recebiam “pensões tronco”.
Tecnicamente, os militares não contribuem para a Previdência, pois toda a contribuição é feita pela União. O militar na ativa ou na reserva, contudo, tem de pagar uma alíquota de 7,5% para custear pensões.
Reestruturação da carreira
Pouco antes de Bolsonaro chegar ao Congresso, o vice-presidente Hamilton Mourão concedeu uma entrevista à GloboNews na qual disse que o grupo militar “entende muito bem o que é sacrifício”.
Disse ainda que a categoria não quer “tratamento distinto”, mas quer a reestruturação em razão de benefícios que não recebe como categorias civis.
“Obviamente que, como vamos dilatar o tempo de permanência no serviço ativo, é necessário reestruturar. Reestruturar significa nada mais nada menos que mudanças nos interstícios entre os diferentes postos de graduações com as devidas compensações. E óbvio que isso será discutido dentro do Congresso assim como a proposta de emenda constitucional que trata da nova Previdência”, declarou.
Economia com reformas
De acordo com a equipe econômica do governo, se aprovada, a proposta sobre os militares pode gerar economia de R$ 92,3 bilhões aos cofres públicos em 10 anos.
Além disso, a reforma da Previdência pode gerar a seguinte economia:
Trabalhadores do setor privado: R$ 687 bilhões;
Trabalhadores do setor público: R$ 202,8 bilhões;
Beneficiários do BPC e abono salarial: R$ 182,2 bilhões. Segundo o governo, o objetivo é alcançar economia de cerca de R$ 1 trilhão aos cofres públicos.
*Informações G1