
Em meio à acirrada disputa econômica entre Estados Unidos e China, uma janela de oportunidade se abriu para Brasil e Argentina, que estão colhendo os frutos do aumento na demanda por seus produtos agrícolas. A guerra comercial tem reposicionado o mercado global e dado novo protagonismo às nações sul-americanas.
Soja brasileira lidera o novo fluxo comercial
A imposição de tarifas sobre a soja americana fez com que a China buscasse fornecedores alternativos — e encontrou no Brasil um parceiro de confiança. Em 2023, o país asiático importou cerca de 70 milhões de toneladas de soja brasileira, o que representa 72% das exportações totais do grão pelo Brasil. Um salto que reafirma a força do agronegócio brasileiro no cenário mundial.
Carnes e grãos ganham novos destinos
Não é apenas a soja que tem registrado crescimento. Exportações de carne bovina também se expandiram, chegando a mercados como Argélia, Turquia e Japão. Este último, tradicional comprador dos EUA, está voltando seus olhos para o Brasil, atraído pelo custo competitivo e qualidade da carne brasileira.
Além disso, grãos como milho e sorgo entraram no radar chinês, que busca diversificar seus fornecedores e garantir abastecimento em meio às tensões geopolíticas. O Brasil, mais uma vez, surge como alternativa sólida e confiável.
Argentina também colhe os frutos
O impacto positivo não se restringe ao Brasil. A Argentina, tradicional produtora de grãos, também está se beneficiando. A China voltou a importar aves argentinas e já demonstra interesse em ampliar as compras. Os produtores de sorgo veem os preços subirem diante da oferta limitada global — um cenário de rara bonança para o setor.
Dependência da China: alerta no horizonte
Apesar do otimismo, especialistas alertam para a crescente dependência da China como principal cliente. Embora o momento seja altamente favorável, a concentração de mercados pode representar riscos futuros, caso haja mudanças nas políticas comerciais do país asiático ou reaproximação com os EUA.
Perspectivas: boom agrícola ou bolha temporária?
O fato é que Brasil e Argentina vivem um momento histórico. A tensão entre as duas maiores economias do mundo, embora prejudicial a muitos, tem sido uma verdadeira benção para os produtores sul-americanos, que veem seus portos mais movimentados do que nunca. Se essa vantagem se consolidará a longo prazo, o tempo — e a diplomacia internacional — dirão.