
A bolsa de valores brasileira iniciou outubro em queda, acompanhando o clima de incerteza internacional após o início de um shutdown nos Estados Unidos. O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (1º) com recuo de 0,49%, aos 145,5 mil pontos, enquanto o dólar avançou para R$ 5,33.
A paralisação parcial do governo americano começou nesta quarta-feira, primeiro dia do novo ano fiscal, após a falta de acordo no Congresso para a aprovação do orçamento. Com isso, diversas atividades consideradas “não essenciais” foram suspensas — entre elas, a divulgação de índices econômicos, como o payroll, que mede a variação de empregos formais nos EUA.
Segundo o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, o impacto da medida dependerá da duração da paralisação.
“Se a paralisação for curta, o impacto tende a ser limitado. Mas, se durar mais tempo, os efeitos se tornam visíveis no PIB americano, no consumo das famílias e até nas decisões de política monetária do Federal Reserve”, explica.
No mercado de ações, o recuo foi liderado por bancos. As ações do Itaú (ITUB4) caíram 1,84%, enquanto os papéis do Bradesco tiveram baixa de 1,97% (BBDC3) e 1,70% (BBDC4). O Santander (SANB11) caiu 1,53% e o Banco do Brasil (BBAS3) desvalorizou 0,72%.
A falta de dados econômicos durante o shutdown aumenta a incerteza para investidores e pode dificultar a calibragem da política monetária americana. Caso a paralisação se estenda até o fim da semana, o relatório de emprego (payroll) não será divulgado, o que pode afetar os próximos passos do Fed em relação à taxa de juros.
O shutdown é uma medida recorrente na política americana — desde 1981, os EUA já enfrentaram 15 paralisações parciais da máquina pública. Ainda assim, o momento reforça o movimento de redução da exposição ao risco nos mercados globais.