Na madrugada desta sexta-feira (18) entrou no site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma ferramenta que mostra os 50 maiores clientes. A Petrobras lidera a lista, seguida pela fabricante de aviões Embraer. Nos últimos 15 anos, a Embraer contratou um total de R$ 49,377 bilhões em operações junto ao banco, em diversas modalidades, revela uma ferramenta de consolidação de dados sobre os 50 maiores clientes que entrou no site do BNDES.
A maioria dos dados já estava disponível no site da instituição de fomento, mas a nova ferramenta traz algumas informações inéditas sobre os empréstimos para a exportação de bens de capital.
Os dados sobre os empréstimos para a exportação de bens de capital – como aviões da Embraer – eram uns dos poucos não informados pelo BNDES. Nessas operações, o banco financia os importadores, ou seja, as companhias aéreas estrangeiras que compram da Embraer, uma prática comum no mercado internacional.
O BNDES alega que não podia revelar os valores contratados nessas operações porque isso revelaria os preços dos produtos, uma informação considerada estratégica no comércio exterior.
Conforme o ranking dos 50 maiores tomadores de recursos do BNDES, a Petrobrás é o maior cliente do banco de fomento, o que já era conhecido. Pelos dados agregados inseridos na ferramenta inaugurada nesta sexta-feira, a Petrobrás contratou junto ao BNDES R$ 62,429 bilhões de 2004 a 2018. Aí está incluído o aporte de R$ 24 bilhões em ações da estatal petroleira, por conta da megacapitalização realizada em 2010.
Os valores contratados pela Petrobrás sobem para R$ 85,609 bilhões se forem incluídas as subsidiárias TAG, operadora de gasodutos, e Petrobrás Netherlands. A primeira é controlada indiretamente pela estatal e está à venda. A segunda é uma subsidiária no exterior, criada apenas para controlar plataformas de petróleo usadas pela Petrobrás.
Além da Petrobras e da Embraer, Norte Energia, Vale, Construtora Norberto Odebrecht, Tim, Telefônica, Oi e até o Estado de São Paulo completam a lista dos dez maiores clientes do BNDES. Isoladamente, a maior operação da história do banco é o financiamento de R$ 25,4 bilhões para o consórcio Norte Energia construir a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, aprovado em 2012.
Medida “para facilitar o entendimento do público”
Em nota, o BNDES explicou que a nova ferramenta de consulta de informações busca melhorar a experiência do usuário, dentro do compromisso de facilitar o entendimento do público das operações efetuadas pelo banco.
“Apesar da variedade de informação que o banco tem disponibilizado nos últimos três anos, há uma percepção de que os dados frequentemente estão disponíveis de uma maneira difícil para a maioria das pessoas. O objetivo é, assim, tornar a navegação mais amigável e acessível. A disponibilização da lista, com acesso a um grande número de detalhes de cada operação, é parte do esforço de transparência que o banco tem feito e que deve ser a marca das suas ações sempre”, afirma o BNDES.
Na semana passada, logo após a cerimônia de transmissão de cargo no Rio, o novo presidente do BNDES, Joaquim Levy, já havia sinalizado que responderia dessa forma a demanda por “abrir a caixa-preta” do banco, uma cobrança do presidente Jair Bolsonaro.
“Parte importante disso vai ser organizar melhor os dados. (Os dados) Já existem, alguns deles estão disponíveis, mas de uma maneira que fica difícil para a maior parte das pessoas entender”, disse Levy, na semana passada.
*Informações Estadão