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Dr. Silvio Zmijevski: 20 Anos de Tradição no Acampamento Farroupilha de Chapecó

O Primeiro Acampamento: Um Marco para a Cultura Gaúcha

Dr. Silvio Zmijevski

Em 2024, o Acampamento Farroupilha de Chapecó comemora 20 anos de história, uma trajetória marcada por desafios, conquistas e, acima de tudo, pela união em torno da cultura gaúcha. O evento teve início de forma modesta, mas carregada de simbolismo, em um terreno baldio onde hoje está localizado o Banco do Brasil, no centro da cidade. Naquele espaço, o locutor de rádio Paulo Raimundo, vindo do Rio Grande do Sul, deu o pontapé inicial em um movimento que traria a cultura gaúcha para o coração dos catarinenses.

Paulo, com sua bombacha e orgulho das raízes gaúchas, enfrentou o constrangimento de muitos que, na época, hesitavam em expressar essa cultura em terras catarinenses. Ele foi um dos primeiros a abrir caminho, seguido por outros nomes importantes da cidade, como Sr. Miguel e o velho Menegolla. Menegolla, inclusive, foi um dos grandes incentivadores do tradicionalismo, doando os primeiros cavalos para a cavaria, que mais tarde se transformaria na polícia montada de Chapecó.

O primeiro acampamento, simples e improvisado, foi apenas o começo de uma história que se consolidaria ao longo dos anos. Após essa primeira edição, os acampamentos seguintes foram realizados em um terreno da antiga Ceval, gentilmente cedido pelo proprietário. Embora seu nome não seja lembrado com exatidão, a gratidão dos organizadores permanece viva por essa contribuição que facilitou a continuidade do evento.

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Mais tarde, Eron Baldissera também desempenhou um papel crucial ao oferecer sua propriedade, próxima ao Shopping Pátio Chapecó, para a realização do acampamento. Com um galpão de 1.800 metros quadrados e um amplo terreno ao redor, ele permitiu que o evento se expandisse, possibilitando a construção de galpões dentro do próprio espaço. Durante dois anos, a tradição foi mantida naquele local, graças à generosidade de Baldissera.

Na sequência, o acampamento foi transferido para a propriedade de Humberto Scopel, no final da Avenida Getúlio Vargas. A localização, próxima ao Arras, tornou-se ainda mais acessível com o crescimento da cidade, e Scopel, de forma igualmente generosa, cedeu o espaço gratuitamente por mais alguns anos, reforçando o espírito de solidariedade em torno do evento.

Ao longo dessas duas décadas, várias figuras deixaram sua marca no Acampamento Farroupilha de Chapecó. Dr. Silvio Zmijevski, advogado e uma das personalidades centrais na história do tradicionalismo local, testemunhou e protagonizou o crescimento do evento. Ele relembra com carinho a participação de gaúchos de “primeira hora”, como Silvani, Ribeiro e o próprio Paulo Raimundo, que ajudaram a fortalecer o CTG Vaqueano do Oeste, o primeiro Centro de Tradições Gaúchas da cidade, onde Ribeiro foi um dos primeiros patrões.

CTGs: As Raízes do Tradicionalismo em Chapecó

A criação dos primeiros Centros de Tradição Gaúcha (CTGs) em Chapecó foi um dos passos fundamentais para o fortalecimento da cultura gaúcha na cidade. Dr. Silvio, que foi patrão do CTG Vaqueano do Oeste, uma das entidades mais antigas de Chapecó, relembra a importância dessas organizações: “Os CTGs que existem hoje em Chapecó nasceram de sementes plantadas no Vaqueano. Foi lá que tudo começou, e de lá se espalhou.”

O tradicionalismo em Chapecó não foi um processo simples, e a cidade passou por diversos altos e baixos na busca por um local definitivo para os acampamentos. “No começo, tínhamos muitos desafios para encontrar lugares para montar os galpões. Ficamos um ano em um terreno baldio, depois fomos para a antiga Ceval, hoje onde fica o Atacadão, e passamos também por terrenos na frente do shopping. Mas em cada lugar que íamos, deixávamos um pouco da tradição gaúcha”, recorda Dr. Silvio.

A Busca por um Local Permanente

Com o tempo, surgiu a necessidade de encontrar um local permanente para o acampamento, onde os galpões pudessem ser construídos de forma definitiva e o evento pudesse crescer. “Depois de alguns anos montando e desmontando galpões em terrenos provisórios, percebemos que precisávamos de um espaço fixo. Foi aí que, graças ao apoio de Humberto Scopel e de outras lideranças, começamos a buscar uma solução.”

Humberto Scopel, ex-aluno de Dr. Silvio e grande apoiador do evento, cedeu por três anos uma propriedade onde o acampamento foi realizado. No entanto, a área era particular e, após cada evento, os galpões precisavam ser desmontados. “Foi um período de muito aprendizado e amadurecimento. Ali percebemos que o tradicionalismo precisava de um lar definitivo”, comenta Dr. Silvio.

Foi então que a imobiliária Realizar entrou em cena, oferecendo uma área institucional que permitiu a construção dos galpões permanentes. “A imobiliária foi fundamental nesse processo. Eles fizeram um contrato de comodato com o CTG e, com o apoio da prefeitura, conseguimos a área onde hoje está o Parque Farroupilha. Esse foi um passo crucial para o crescimento do evento”, afirma Dr. Silvio.

A Fundação da Associação dos Galponeiros

O desenvolvimento do Acampamento Farroupilha e a construção dos galpões trouxeram novos desafios. Houve divergências internas entre os CTGs sobre como o evento deveria ser organizado, o que levou à criação da Associação dos Galponeiros. “A diferença de visão entre os CTGs e nós, galponeiros, fez com que criássemos uma entidade separada para administrar o espaço e os galpões”, explica Dr. Silvio.

Essa decisão foi essencial para a consolidação do evento. “Formamos a Associação dos Galponeiros e assumimos a gestão da área. A partir daí, começamos a construir um evento cada vez maior e mais bem estruturado. Conseguimos garantir que o Acampamento Farroupilha tivesse um espaço permanente e que fosse cada vez mais acessível à comunidade”, ressalta.

O Crescimento do Acampamento Farroupilha

Com o tempo, o Acampamento Farroupilha de Chapecó se tornou um dos maiores eventos tradicionalistas da região. “Hoje, recebemos pessoas de todo o Brasil. Já tivemos visitantes de São Paulo, Minas Gerais e até de fora do país. Todos vêm para conhecer nossa tradição e vivenciar a cultura gaúcha”, conta Dr. Silvio.

O evento, que acontece anualmente em setembro, reúne CTGs de toda a região, além de oferecer uma programação cultural rica, com apresentações artísticas, musicais e atividades voltadas para todas as idades. “Temos danças, declamações, chulas e até competições de gaiteiros mirins. É uma festa completa, que envolve toda a comunidade”, diz Dr. Silvio.

Além disso, o Acampamento Farroupilha tem um forte papel educacional, com atividades que buscam ensinar às novas gerações sobre a cultura gaúcha. “Um dos nossos projetos mais emocionantes é levar crianças de escolas da cidade para o parque. Elas aprendem sobre a história do Rio Grande do Sul, sobre os símbolos do tradicionalismo, e ainda recebem um lanche gratuito. É muito gratificante ver o impacto que isso tem na vida delas”, conta emocionado.

Desafios e Superações

Organizar o Acampamento Farroupilha nunca foi uma tarefa fácil. Dr. Silvio relembra os desafios enfrentados ao longo dos anos, especialmente no que diz respeito à logística e ao financiamento do evento. “Trazer artistas, montar a infraestrutura, garantir segurança e atendimento médico são apenas algumas das muitas responsabilidades que temos. Felizmente, contamos com patrocinadores importantes, como a Ceraçá, que sempre nos apoiou fornecendo geradores e outros serviços essenciais.”

Mesmo com todos os obstáculos, o espírito de união entre os tradicionalistas sempre prevaleceu. “Nunca tivemos brigas ou problemas graves no parque. O respeito é um dos princípios mais importantes da nossa tradição, e isso sempre foi mantido ao longo dos anos”, ressalta Dr. Silvio.

O Futuro do Parque Farroupilha

Com o crescimento de Chapecó, Dr. Silvio reconhece que o Parque Farroupilha pode ter que ser realocado no futuro. “A cidade está crescendo, e talvez o parque tenha que ser transferido para outra área. Mas tenho certeza de que, se isso acontecer, encontraremos um lugar ainda melhor para continuar a nossa tradição”, afirma.

Ele acredita que a força da cultura gaúcha em Chapecó garante que o Acampamento Farroupilha continuará crescendo e se fortalecendo. “Já tivemos que superar muitos desafios ao longo desses 20 anos, e sempre saímos mais fortes. O tradicionalismo é algo que une as pessoas, e tenho certeza de que isso nunca vai mudar.”

Um Legado para Chapecó

Após duas décadas, o Acampamento Farroupilha de Chapecó se tornou um marco na cidade, um evento que une gerações em torno da cultura, da música e da história gaúcha. Dr. Silvio Zmijevski, um dos grandes responsáveis por essa trajetória de sucesso, finaliza com orgulho: “Esses 20 anos foram uma missão para todos nós. O Acampamento Farroupilha é mais do que uma festa, é uma celebração da nossa identidade, do nosso respeito pela tradição e pela história. E tenho certeza de que ele continuará crescendo e sendo um símbolo de Chapecó por muitos anos.”

Ao longo dessas duas décadas, Dr. Silvio e sua equipe de galponeiros conseguiram criar um espaço que não apenas celebra a cultura gaúcha, mas também educa e inspira novas gerações. O Acampamento Farroupilha de Chapecó é hoje um dos maiores eventos tradicionalistas do Brasil, e sua história, guiada por personagens como Dr. Silvio, é uma das mais ricas do tradicionalismo contemporâneo.

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