A medida tributária do governo federal para frear as importações de lácteos fez mais mal do que bem ao produtor brasileiro, avalia Valter Galan, sócio da Milkpoint. O ritmo das compras internacionais deveria ter caído neste trimestre, mas se manteve firme após o anúncio da medida.
“Em função dessa medida, muitas empresas anteciparam as suas compras para fugir da desvantagem lá na frente. No curtíssimo prazo, [a medida] foi até pior para o setor”, afirma.
De acordo com Globo Rural, por decreto, o governo estabeleceu que agroindústrias, cooperativas e laticínios que querem ter direito ao aproveitamento de 50% do crédito presumido dos impostos federais precisam estar habilitados no Programa Mais Leite Saudável (PMLS) do Ministério da Agricultura. Essas empresas não poderão fabricar produtos a partir do leite em pó, que é a maior parte do leite importado.
Segundo o diretor da Laactalis do Brasil e presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat/RS), Guilherme Portella, a medida, que entra em vigor em meados de janeiro, terá pouco efeito prático, afinal, quem importa o leite em pó não são os laticínios.
Ele ressalta que mais de 80% do volume vai para indústrias de chocolate, panificadoras e empresas de sorvetes, que antes acompravam o leite em pó da indústria brasileira, e, que a decisão irá prejudicar pequenos laticínios que importavam pequenos volumes de leite em pó para aproveitar a oportunidade de mercado.
Ele observa que a produtividade média no Brasil é de 2,6 mil litros por vaca ao ano, enquanto na Argentina chega a quase 7,6 mil litros.
“A gente precisa achar formas de ser competitivo com o mercado internacional. Assim, eles não conseguirão exportar leite para o Brasil”, reforça.
Cotações:
⦁ Dólar: R$ 4,83
⦁ Saca da soja 60kg: R$ 142,81
⦁ Saca de feijão carioca 60kg: R$ 277,15
⦁ Saca de feijão preto 60kg: R$ 283,43
⦁ Saca de milho 60kg: R$ 67,56
⦁ Arroba do boi: R$ 252,50
⦁ Litro do leite: R$ 1,88