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Universo de amor: mesmo repleta de preconceitos, adoção avança na comarca de Chapecó

A busca por um perfil ideal, aliás, segue como um entrave no processo de adoção


Foto: Andre Borges/Agência Brasília

O dia 25 de maio é marcado como Dia da Adoção. Somente neste ano, a comarca de Chapecó promoveu a adoção de um grupo de quatro irmãos. Também ocorreu uma aproximação inicial com duas famílias, por meio do Sistema Busca Ativa, de uma criança com deficiência e de uma adolescente de 17 anos. Há dois casais de Chapecó que aceitaram um grupo de irmãos de outra comarca e que ficaram na fila por apenas três dias.

A assistente social da comarca de Chapecó, Katiane Centenaro, salienta ainda que essas crianças e adolescentes fazem parte de grupos de irmãos, muitas vezes de quatro a seis crianças, e que a grande maioria desses grupos tem ao menos um adolescente. As crianças e adolescentes, quando não são adotados, ficam no abrigo municipal até completarem 18 anos e então precisam sair.

A busca por um perfil ideal, aliás, segue como um entrave no processo de adoção. A realidade é que a grande maioria dos adotantes ainda espera encontrar crianças totalmente saudáveis, mas se esquecem de que, por vezes, o recém-nascido é filho de usuários de drogas ou gerado por famílias em situações de vulnerabilidade.

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“Os pretendentes sonham adotar uma criança para vivenciarem todas as etapas da vida do filho. Ocorre que uma grande parte das crianças e adolescentes que estão disponíveis para adoção tem questões de saúde a serem tratadas. Um dos diagnósticos mais comuns é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e atrasos no desenvolvimento infantil. Então fazem uso de medicamentos e precisam de atendimentos profissionais especializados. Apesar dessa realidade, a maioria dos pretendentes só aceita crianças saudáveis”, explica Katiane.

A assistente social enfatiza que as crianças e adolescentes acolhidos geralmente retornam para casa depois de um período de acompanhamento e estruturação da família. Somente em casos extremos, quando a família não consegue se reorganizar mesmo com o apoio das políticas públicas, é que os jovens ficam aptos à adoção.

Outra realidade apontada por Katiane é que o preconceito com as gestantes que manifestam o desejo de entregar seus filhos para adoção ainda é grande, inclusive entre profissionais que deveriam acolher e encaminhar essas mães ao Judiciário. “Muitas mulheres relatam que desistiram de fazer o pré-natal após profissionais tentarem convencê-las a ficar com o bebê, sem ouvirem os motivos que levaram àquela decisão”, comenta.

Entre os familiares das gestantes a discriminação é ainda maior. “Ouvimos falas do tipo: ‘Nem cadela abandona seus filhos’, ou então, ‘Por que não pensou na gravidez na hora de fazer o filho?’. As pessoas pensam na entrega para adoção como se fosse um abandono, quando na verdade é um direito da mãe. É uma virtude ter a clareza de não possuir condições emocionais para viver a maternidade e não esperar conviver com um filho que não foi planejado, querido e desejado desde a concepção”, afirma a profissional.

“A adoção não pode ser romantizada. É um processo difícil emocionalmente e as crianças que muitos pretendentes buscam simplesmente não existem. Precisamos capacitar os profissionais da rede pública para que acolham e orientem as gestantes sobre seus direitos, e também mostrar à sociedade como um todo que a entrega do filho para adoção é um ato de amor”, conclui Katiane.

Balanço de 2020

A comarca de Chapecó promoveu em 2020 a adoção de 22 crianças e adolescentes por 16 famílias. Deste total, foram 10 meninas (oito crianças e duas adolescentes) e 12 meninos (10 crianças e dois adolescentes). Duas famílias adotaram grupos de dois irmãos e duas famílias adotaram grupos de três irmãos.

Desses 22, seis são provenientes de outras comarcas e foram adotados por famílias de Chapecó. Os demais são crianças da própria comarca. De todas essas adoções, somente quatro eram de recém-nascidos.

Com informações Assessoria de Imprensa Tribunal de Justiça de Chapecó

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