
A vida no campo é, muitas vezes, associada à paz, ao silêncio e ao contato direto com a natureza. Mas quem vive essa rotina sabe que a realidade pode ser bem diferente: o trabalho é árduo, o clima nem sempre ajuda, os custos de produção são altos, os preços variam e a sensação de que tudo depende de você, pode gerar uma carga emocional intensa.
No livro Metamorfose, falo sobre o processo de transformação interior que todo ser humano pode e precisa viver. Essa transformação começa quando reconhecemos que, sentir, não é fraqueza e, sim, uma forma de inteligência. A saúde mental no campo precisa ser tratada como prioridade — não apenas porque afeta a qualidade de vida das famílias, mas porque impacta diretamente na produtividade, na convivência e no futuro das propriedades rurais.
O Peso Invisível do Campo
O homem e a mulher do campo carregam responsabilidades que, muitas vezes, ninguém as vê: a preocupação com a safra, os cuidados com os animais, o risco de endividamento, a dependência do clima; tudo isso somado a longas jornadas de trabalho e, muitas vezes, isolamento social.
Esses fatores são gatilhos para ansiedade, depressão e até esgotamento emocional. Mas falar sobre isso ainda é um tabu em muitas comunidades. Crescemos ouvindo que é preciso ser “forte”, aguentar calado, trabalhar mesmo cansado. Essa mentalidade, no entanto, tem levado muitas famílias ao adoecimento silencioso.
Emoções São Ferramentas, Não Inimigas
Um dos conceitos que abordo em Metamorfose é que, nossas emoções, são como bússolas: elas nos mostram onde estamos e para onde precisamos ir.
- Raiva pode indicar que algo é injusto ou precisa mudar.
- Tristeza sinaliza que é hora de recolhimento ou de ressignificar algo que se perdeu.
- Medo alerta para riscos, mas também nos convida a planejar e a pedir apoio.
Quando negamos esses sentimentos, eles não desaparecem — apenas se transformam em doenças do corpo ou em comportamentos destrutivos. Reconhecer o que sentimos é o primeiro passo para uma saúde mental mais equilibrada.
A Importância da Rede de Apoio
Ninguém deve enfrentar sozinho as dificuldades emocionais. Criar espaços de conversa na comunidade, nas cooperativas e até nas rodas de chimarrão, são caminhos para quebrar o silêncio. Programas de acolhimento, palestras e encontros sobre bem-estar mental são fundamentais para fortalecer o agricultor e sua família.
Um Novo Olhar para o Campo
Falar da saúde mental no campo é falar de futuro; é garantir que, quem planta, continue colhendo não apenas alimento, mas também qualidade de vida. Como escrevi em Metamorfose, “transformar-se é um ato de coragem”. Talvez a maior transformação que o homem do campo possa viver hoje seja reconhecer que sua mente merece o mesmo cuidado que dedica à terra.
* Contatos com Magna Tessaro – 54.9997-2062







