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Sobrevivente de rompimento de barragem em Mariana morreu em Brumadinho

Você acredita em destino? Aquilo que foi “pré-definido” por algo ou alguém e irá acontecer independente de sua vontade. Estar em dois desastres de rompimento de barragens pode parecer “destino” ou coincidência para os mais céticos. O soldador, Erídio Dias, de 31 anos, sobreviveu ao rompimento da barragem em Mariana, em 2015, mas morreu, em Brumadinho (MG), na tragédia que aconteceu no dia 25 de janeiro.

Bombeiros retiram corpo da lama depois do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho — Foto: Leo Correa/AP

Erídio costumava narrar aos irmãos, os pedreiros Laércio e Israel, como sobrevivera ao rompimento da barragem, em Mariana, o maior desastre ambiental do Brasil, que matou 19 pessoas.

Vez por outra, o funcionário da Vale se vangloriava do episódio. Caçula de seis irmãos era um dos mais aventureiros, ele migrava Brasil afora por conta do emprego. Esperava as orientações da Vale e se deslocava para onde o trabalho aparecia.

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Laércio (à esq,) e Israel Dias irmâo de Erídio Dias, que escapou da tragédia em Mariana, mas morreu em Brumadinho Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo

“Ele contava que escapou antes dessa aí em Mariana, mas veio morrer aqui (em Brumadinho)” lamenta o irmão Laércio.

Na tarde de quinta-feira (31), na companhia da mulher de Erídio, os irmãos permaneciam quietos na fila para o recebimento da doação de R$ 100 mil, anunciada pela mineradora para parentes daqueles que morreram com o rompimento da barragem 1 da Mina do Feijão. A feição inexpressiva e o comportamento lacônico apenas traduziam a descrença, até mesmo, com o benefícios que estavam prestes a receber.

“Não tenho esperança disso aí, não. Tem tanta gente de Mariana que não recebeu nada, aqui pode ser a mesma coisa” disse Laércio.

O irmão relembra a história contada numerosas vezes pelo irmão mais novo: a vitória por ter sobrevivido à tragédia de Mariana:

 “Lá, ele contava que saiu para almoçar e, quando voltou, já estava tudo inundado.”

Na fila, a indignação dos irmãos Laércio e Israel foi potencializada quando receberam a notícia, trazida por uma voluntária, de que teriam de voltar a Brumadinho no sábado (2) para efetuar o cadastro de recebimento da doação. Moradores do vilarejo de Igarapé, a 55 quilômetros dali, ficaram consternados:

“Poderiam ter avisado antes. Não tenho onde dormir por aqui, agora vou ter que voltar? É uma desorganização” disse Laércio.

Pai de um filho de 7 anos de idade, Erídio continua desaparecido. Ele é uma entre as 238 pessoas que ainda não foram encontradas pelas equipes de resgate.

Os familiares dos desaparecidos começaram ontem a se cadastrar para receber a doação de R$ 100 mil oferecida pela Vale. Os pagamentos deverão ser realizados em até três dias úteis, a contar do dia do cadastro. Para parentes de vítimas que não possuem conta bancária, um cartão de crédito com limite de R$ 100 mil será disponibilizado.

“Essa quantia não exclui outros benefícios. Haverá ainda a indenização pela morte, os direitos da relação trabalhista, de acidente de trabalho e o findo de garantia” afirma o defensor-geral de Minas Gerais. Gério Patrocínio Soares.

Segundo ele, os R$ 100 mil serão pagos de forma líquida, sem que incidam impostos sobre o valor.

“A gente trabalhou para que a Vale tornasse esse valor líquido. Se tiver qualquer incidência de imposto, a Vale terá de arcar.”

A prioridade na ordem para os pagamentos são de vítimas que tinham filhos menores de idade e de cônjuges com união estável comprovada, respectivamente. O fato de haver vítimas que mantinham duas famílias, ambas com filhos pequenos, no entanto, torna a situação mais complexa do que parece, segundo o defensor público Rômulo Carvalho. Para esses casos, a Defensoria Pública de MG oferece ajuda jurídica aos familiares.

*Informações O Globo

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