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Governador Carlos Moisés critica atuação da imprensa no caso dos respiradores

Foto: Divulgação/Governo de Santa Catarina

O Governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, durante coletiva de imprensa realizada na sexta-feira (8), criticou a atuação da imprensa catarinense na divulgação de informações sobre o caso dos respiradores. Segundo ele, a imprensa realizou uma “exposição excessiva” relacionada ao fato.

A situação iniciou quando jornalistas do portal The Intercept Brasil denunciaram a compra de 200 respiradores pelo Governo de Santa Catarina, que custaram R$ 33 milhões e ainda não haviam sido entregues à Secretaria de Saúde. A informação foi publicada no dia 28 de abril e um inquérito foi aberto para investigar o caso. 

“Eu particularmente acho que há uma exposição excessiva de casos que levam a julgamento popular e daqui a um tempo nós vamos ver se há prejuízo ao erário público, quem provocou,  aí sim vão ser apontadas as pessoas que de fato agiram. Eu não tenho nenhuma dúvida de que há precipitações”, disse o governador sobre a imprensa. 

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Em outra ocasião, Moisés teria dito, em uma transmissão ao vivo com empresários de Santa Catarina, que a imprensa catarinense deveria ser cerceada através da pressão de empresários, que anunciam nos veículos de comunicação. 

A fala de Moisés repercutiu e gerou posicionamentos. A Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) divulgou uma nota de repúdio, em que afirma que a manifestação feita por Moisés demonstra “total desconhecimento do papel da imprensa, que tem a obrigação de divulgar toda e qualquer informação que for de interesse público e para o bem da sociedade.” A nota reforça que a imprensa catarinense não mediu esforços para informar à população durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 

A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) também publicaram notas em que criticam a fala de Moisés e defendem a liberdade de imprensa.

Na manhã de sábado (9), Carlos Moisés respondeu às críticas através de nota. Nela, ele afirma que não teve a intenção de cercear a liberdade de expressão e que se refere a um número seleto de profissionais, que utilizam o jornalismo de maneira parcial. 

Confira a nota publicada pelo governador de Santa Catarina:

Quando discutimos respeito e ética no jornalismo profissional percebemos o quanto ele representa como fonte de informação confiável que se traduz em pilar da democracia, agindo em prol da sociedade, tendo, dentre outros, o compromisso com o interesse público.

Veículos de imprensa, seus colaboradores e jornalistas são a voz dos desvalidos, são as pontes para a correção de injustiças e irregularidades, inclusive no poder público, pois descortinam o que nem sempre está às claras, investigam e promovem a justiça. Enquanto cidadão ou homem público sempre me pautei pelo absoluto respeito à imprensa e aos seus profissionais.

De outra via, não posso me calar enquanto assisto uma parcela de profissionais que busca dar respostas a fatos que ainda são objeto de investigação não madura ou conclusiva, emitindo pré julgamentos, afirmando na dúvida, induzindo a opinião pública a conclusões precipitadas.

Em momento algum propus cercear a liberdade de expressão de empresas ou de jornalistas. Minha fala se refere a um grupo diminuto que se utiliza do mais importante instrumento democrático – o jornalismo – para, de maneira parcial, manchar a reputação de pessoas ou instituições sem lhes permitir o direito ao contraditório e à preservação da imagem.

O abandono da prudência e da espera pelo avanço ou conclusão de investigações causa, injustamente, prejuízo moral irrecuperável, incita o ódio numa sociedade tão carente de propósitos e de esperança em dias melhores. O apelo aos empresários, que também ajudam a manter o sistema de comunicação, é no sentido de reconhecer a legitimidade dos mesmos a participarem da discussão deste modelo carcomido e irresponsável, insistentemente utilizado por uma minoria, mas que tem o poder de causar profundos e irreparáveis estragos nas vidas de muitas pessoas.

Seguirei firme na proteção da vida dos catarinenses em meio à pandemia, não tendo compromisso com o erro.

Veja a nota publicada pela Acaert:

A Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão- ACAERT repudia as declarações feitas hoje pelo Governador Carlos Moisés da Silva durante um evento transmitido ao vivo para empresários em nível nacional.

Durante o evento, Carlos Moisés da Silva insinuou que a imprensa catarinense deveria ser cerceada através da pressão de empresários, na condição de anunciantes dos veículos de comunicação, em torno do que ele considera um “jornalismo decente”.

A ACAERT considera que esse tipo de manifestação demonstra, por parte do governante, um total desconhecimento do papel da imprensa, que tem a obrigação de divulgar toda e qualquer informação que for de interesse público e para o bem da sociedade.

Reforçamos ainda que o segmento não mediu esforços, desde o início da pandemia, para levar a informação precisa aos catarinenses, reforçando os protocolos de segurança das autoridades de saúde e dando ampla divulgação, principalmente, aos esforços do Governo do Estado no combate à COVID-19, que teve horas exposição na programação das principais emissoras de Santa Catarina.

Nos surpreende, portanto, o conteúdo dessas declarações pelo tom de ameaça e as insinuações autoritárias, uma vez que o próprio mandatário elogiou e agradeceu publicamente por diversas vezes em coletivas de imprensa a cobertura profissional que vem sendo feita pelos mesmos veículos que hoje ele pede que sejam responsabilizados por fazerem justamente aquilo que lhes é de obrigação, informar a população.

Esperamos que prevaleça o respeito com o segmento da comunicação e com a democracia, na qual a liberdade de imprensa é um direito inegociável e não pode sofrer qualquer tipo de pressão ou insinuação por parte de quem quer que seja. Como proferiu a suprema corte americana ao absolver os jornais que divulgaram documentos secretos: “A imprensa deve servir aos governados, não aos governantes”.

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