A fotojornalista, Julia Galvão, denunciou uma agressão física e verbal durante a Copa Thermas Itá, evento realizado em um campo público na comunidade do Uvá, em Itá, no Oeste de Santa Catarina. Segundo a profissional, o incidente ocorreu após tentativas de intimidação e censura por parte dos organizadores do evento, que alegaram um monopólio fotográfico para impedir seu trabalho.
Relatos de intimidação e agressão
Julia, que atua na área desde 2014, relata que, ao chegar ao local, foi confrontada verbalmente por um fotógrafo credenciado, que tentou impedi-la de trabalhar. Pouco depois, os organizadores do evento se aproximaram de maneira agressiva. Um deles, de forma recorrente, tentou obstruir suas filmagens e agrediu sua integridade física, atingindo sua perna e seu celular.
A Polícia Militar foi acionada e, após mediar a situação, autorizou a permanência de Julia no local, afirmando que não havia justificativa para impedir seu trabalho em um espaço público. Apesar da orientação da PM, a repórter já havia sido exposta a agressões físicas e emocionais.
Organização nega agressões
Em nota, os organizadores negaram as acusações de agressão e argumentaram que existe um acordo prévio com uma empresa de fotografia, respaldado por decisão do Ministério Público. Afirmaram ainda que Julia teria violado as regras ao atuar sem credenciamento.
Porém, a fotojornalista alega que esse acordo impõe condições abusivas aos fotógrafos, como a cobrança de comissões e a obrigatoriedade de vender imagens por meio de uma única plataforma controlada pela organização.
Repercussão e apoio
A ARFOC-RS (Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos) emitiu uma nota de repúdio, destacando que a violência contra jornalistas é uma grave violação dos direitos profissionais e democráticos. Segundo a entidade, a liberdade de imprensa é essencial para a democracia e deve ser respeitada em todos os contextos.
A Prefeitura de Itá, em declaração, afirmou que não possui responsabilidade direta sobre a situação, uma vez que o evento é terceirizado. A administração municipal apenas cede as escolas e campos públicos para a realização da competição.
Liberdade de imprensa em risco
O caso levanta uma preocupação crescente com as condições de trabalho dos jornalistas em eventos privados realizados em espaços públicos. Organizações representativas da categoria ressaltam a necessidade de garantir o direito ao livre exercício da profissão sem intimidações ou abusos.
Diante do ocorrido, Julia Galvão solicita medidas protetivas e reafirma seu compromisso com a profissão. O episódio reacende debates sobre o monopólio fotográfico em eventos esportivos e o impacto na liberdade de imprensa.