Nesta quarta-feira (20), os deputados catarinenses Bruno Souza e Jesse Lopes denunciaram o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, sobre o uso indevido do avião ambulância, Arcanjo. Conforme os parlamentares, na última segunda-feira (18) um bebê de três meses, em estado grave, após ser espancado, precisou ser transferido de ambulância de Caçador, no Oeste de SC a Florianópolis, enquanto a aeronave transportando autoridades. Com exclusividade ao ClicRDC, o governo do Estado alegou que a denúncia é ‘fake news’.
Resposta oficial do governo
Fake news: É falso que criança agredida em Caçador foi transportada para Florianópolis de ambulância porque aeronave estariam em uso
É falsa a afirmação proferida por dois deputados estaduais, durante sessão na Assembleia Legislativa, nesta quarta-feira, 20, segundo a qual um bebê de três meses de idade, vítima de espancamento na cidade de Caçador, foi transferido de ambulância para Florianópolis porque o avião Arcanjo 6 estaria em uso pelo governador.
O governo do Estado lamenta e repudia a exploração política irresponsável de dramas humanos por alguns parlamentares.
De acordo com Bruno Barros, coordenador médico do Grupo de Resposta Aérea de Urgência (GRAU), além de não ter chegado nenhuma solicitação para transporte aéreo do bebê, a gravidade do caso não permitiria esta opção.
“As aeronaves são preparadas para o transporte de pacientes em situação grave, mas com quadros estáveis. Elas não possuem configuração para atendimentos emergenciais como era a situação do bebê”, frisa Barros.
O coordenador médico ressalta ainda que durante o transporte da vítima pela Ambulância de Suporte Avançado (USA), o paciente sofreu três paradas cardiorrespiratórias e teve a chance de ser reanimado, manobra que não poderia ser feita dentro do avião, por exemplo. O bebê chegou com vida ao Hospital Infantil Joana de Gusmãoo.
Aeronaves do BOA
O Batalhão de Operações Aéreas (BOA) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina (CBMSC) presta serviços de transporte aeromédico, por avião, e de atendimento a emergências, por helicóptero, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, em iniciativa pioneira no país. Essas aeronaves também fazem outras missões, como resgates, combate a incêndios, transporte de vacinas, monitoramento de queimadas, entre outras.
Desde o início da gestão, em 2019, o governador disponibilizou o avião (Arcanjo 02), utilizado por ele, para uso integrado com o serviço aeromédico. Além disso, alugou um segundo avião (Arcanjo 06) para uso aeromédico, garantindo a prestação do serviço se houver indisponibilidade do primeiro (por exemplo, em caso de manutenção). Ou seja, a relação entre uso pela autoridade máxima do Estado e prioridade à saúde é inversa à sugerida pelas falsas informações.
Os transportes aeromédicos por avião são previamente agendados, como no caso do pedido solicitado em 8 de março. Já os helicópteros atendem a casos de urgência e emergência, como o socorro imediato em um acidente.
Denúncia
O bebê deu entrada no Hospital Maicé, em Caçador, na tarde da última segunda-feira. Devido ao quadro clínico gravíssimo, a equipe concluiu que o paciente deveria ser encaminhado de forma urgente para o Hospital Infantil Joana de Gusmão, na Capital.
De acordo com a denúncia, mesmo com o ‘Arcanjo 06’ em Caçador, a uso do governador, o bebê precisou ser transferido de ambulância. Segundo os deputados, as equipes envolvidas no atendimento tentaram a transferência por transporte aéreo, mas a aeronave estaria indisponível na segunda-feira e na manhã da terça-feira (19). Devido a isso, a equipe decidiu transferir o bebê com a ambulância, para não perder o leito de UTI, em Florianópolis.
Na denúncia, os deputados apontam que o ‘Arcanjo 06’ chegou em Caçador na segunda-feira e saiu às 01h da madrugada do dia posterior, conforme descrito no Diário de Bordo do Arcanjo 06. (Diários abaixo)
O bebê
Na segunda-feira, o bebê de três meses deu entrada na emergência hospitalar com várias lesões corporais e parada cardiorrespiratória. O laudo pericial elaborado pelo médico legista apontou a existência de lesões cerebrais e corporais, além de lesões na região da face, cabeça, costas e nádegas.
Um casal de cuidadores, uma mulher de 19 anos e o homem de 21, pagos para cuidar da criança enquanto a mãe trabalhava foram presos em flagrante, suspeitos de espancar o bebê.