quarta-feira, setembro 3, 2025
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Caso inédito: mulher carrega material genético do irmão em suas células

Médicos identificam caso raríssimo em que uma mulher possui cromossomos femininos no corpo, mas cromossomos masculinos no sangue — resultado de uma troca de células com o irmão gêmeo durante a gestação

Foto: Getty Images via BBC

Um caso raro e inédito na medicina mundial foi identificado no Brasil e pode abrir novas perspectivas para o estudo da genética humana. Trata-se de Ana Paula Martins, que possui cromossomos XX em todas as células do corpo, mas carrega cromossomos XY em seu sangue — originados do irmão gêmeo.

A descoberta aconteceu em 2022, após um aborto espontâneo. Durante a investigação, exames de cariótipo revelaram a presença de cromossomos masculinos no sangue de Ana Paula, resultado inesperado diante de suas características femininas normais. “Eu vi o resultado e achei que estava errado, foi um grande impacto”, recorda a paciente.

Intrigados, médicos da USP e de hospitais de referência iniciaram uma pesquisa detalhada. A hipótese confirmada é que, durante a gestação, houve uma conexão entre as placentas dos gêmeos, permitindo a transfusão de células do irmão para Ana Paula. Essas células teriam repovoado a medula óssea dela, responsável pela produção de células sanguíneas XY.

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Segundo o geneticista Caio Robledo, o fenômeno é um caso de quimerismo espontâneo, em que uma mesma pessoa possui dois DNAs distintos. “Ela tem um pouquinho do irmão circulando nela”, explica. Embora existam casos de quimerismo induzidos por transplantes, a forma natural é extremamente rara.

O mais surpreendente é que, apesar da condição, Ana Paula teve desenvolvimento sexual normal e chegou a engravidar durante o estudo. O bebê nasceu saudável, com material genético exclusivamente da mãe e do pai, sem qualquer influência do DNA do tio.

Pesquisadores acreditam que o caso pode trazer avanços no entendimento sobre tolerância imunológica e reprodução humana, além de abrir novas linhas de investigação em transplantes.

Para Ana Paula, o diagnóstico trouxe alívio. “Descobrir que não era algo do meu corpo, e que não iria atrapalhar o meu sonho de ser mãe, foi libertador”, disse.

A pesquisa foi conduzida por especialistas do Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein e Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

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