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Campos naturais do corredor ecológico do rio Chapecó correm o risco de desaparecer

A área fica no Oeste de Santa Catarina e foi criada pelo Decreto Estadual 2.957/2010 para preservar as florestas nativas do local, essenciais para a manutenção da biodiversidade

Foto mostra o avanço da agricultura e da produção de pinus na área dos campos naturais no município de Água Doce (Foto: Divulgação/Epagri)

Um estudo recente da pesquisadora da Epagri/Ciram Juliana Mio identificou a possível extinção dos campos naturais na área do Corredor Ecológico do Rio Chapecó. A área fica no Oeste de Santa Catarina e foi criada pelo Decreto Estadual 2.957/2010 para preservar as florestas nativas do local, essenciais para a manutenção da biodiversidade.

O cenário de extinção do corredor foi previsto por Juliana em sua pesquisa de doutorado. Para isso, ela analisou o uso e cobertura da terra utilizando métodos de construção de cenários e recursos de Inteligência Artificial. “Entre 2000 e 2018, a área de campos naturais reduziu em 55% com o avanço do setor agropecuário. Cenários preditivos indicam que, se essa tendência continuar, apenas 0,5% dos campos naturais restarão em 2036. Em um cenário de recessão econômica, essa cobertura pode reduzir ainda mais, para 0,2%”, explica a pesquisadora.

Mapa mostra a redução de área de campos naturais no Corredor Ecológico em 2000, 2018 e em simulação para 2036 (c)

De acordo com Juliana, a situação dos campos naturais no Corredor Ecológico do Rio Chapecó não é isolada. Em outras regiões, como no Planalto Sul, 72% da expansão da soja ocorreu em detrimento de áreas de campos naturais nos últimos 10 anos, conforme estudos coordenados pelo pesquisador da Epagri/Ciram, Kleber Trabaquini. 

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Agravamento de problemas ambientais

Juliana alerta que a perda desses campos naturais agrava problemas ambientais, como as enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em 2024. “Nosso papel como empresa de pesquisa agropecuária é realizar esses estudos para subsidiar a elaboração de políticas públicas que garantam a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade”, argumenta Juliana.

Ela reforça que a preservação dos campos naturais é essencial para a manutenção dos serviços ecossistêmicos e para mitigar os impactos ambientais adversos. Serviços ecossistêmicos são tudo aquilo que um ecossistema fornece ao ser humano além de alimentos e água. Como exemplo temos a regulação da qualidade do solo, do ar, da água, do clima e ciclagem de nutrientes, entre outros.

O Corredor Ecológico do Rio Chapecó possui 5 mil km² e abrange 23 municípios. Ele protege importantes remanescentes da Floresta de Araucária, de Campos Naturais e da Floresta Estacional Decidual, conhecida como Mata do Alto Rio Uruguai.

Ações para reverter o cenário

A pesquisadora explica que os resultados do estudo apontam para a urgência de ações de intervenção territorial para recuperação e conservação dos campos naturais. “É necessário que documentos de gestão territorial, como o Plano de Gestão do Corredor Ecológico do Rio Chapecó e o Plano de Desenvolvimento SC 2030, entre outros instrumentos, incluam medidas claras e direcionadas à conservação e a recuperação desses ecossistemas”, frisa.

A IG do queijo serrano promove a preservação dos campos naturais, essencial para alimentação do gado que produz o leite para a fabricação do queijo (Foto: Divulgação/Epagri)

De acordo com Juliana, a Epagri tem desenvolvido diversas ações para a conservação e recuperação dos campos naturais em Santa Catarina. Um exemplo é valorização do queijo artesanal serrano. Produzido com leite cru integral e gado alimentado com pasto nativo, o queijo recebeu uma Indicação Geográfica (IG) do INPI, na modalidade Denominação de Origem, para uma área de cerca de 1.439.900 hectares nos estados de SC e RS. “Essa certificação não só apoia o desenvolvimento sustentável, como também destaca a importância da preservação dos ecossistemas locais”, diz ela.

Além disso, Epagri também implementa práticas como o manejo sustentável dos campos naturais, plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e restauração de áreas degradadas. Todas elas que ajudam a reduzir as emissões de carbono, melhorar a saúde do solo e recuperar a biodiversidade. Aliado a isso, a Empresa oferece suporte técnico e capacitação aos produtores rurais para adotar essas práticas conservacionistas, sublinhando seu compromisso com a sustentabilidade e a preservação ambiental.

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