
A engenheira agrônoma e microbiologista brasileira Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja, foi anunciada como vencedora do World Food Prize 2025, considerado o “Nobel da Agricultura”. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (15) em reconhecimento às quatro décadas de contribuição científica da brasileira no desenvolvimento e aplicação de tecnologias de fixação biológica de nitrogênio — alternativa sustentável aos fertilizantes químicos.
Tecnologia verde que transformou o campo
Desde 1991, Mariangela atua na Embrapa em Londrina (PR), onde se dedicou ao estudo de bactérias como o Bradyrhizobium e o Azospirillum brasilense. Esses microrganismos são usados para estimular o crescimento de culturas como soja, milho, feijão e trigo, substituindo parcialmente ou totalmente o uso de fertilizantes nitrogenados.
Segundo dados da Embrapa, as inovações lideradas por Mariangela evitaram a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalente e proporcionaram uma economia de cerca de US$ 25 bilhões ao agronegócio brasileiro apenas em 2024.
Primeira brasileira a receber a honraria
Mariangela Hungria é a primeira mulher brasileira a conquistar o prêmio. Ela se junta a nomes como Alysson Paolinelli (vencedor em 2006) e Edson Lobato (2006), também reconhecidos por contribuições decisivas ao desenvolvimento agrícola sustentável no Brasil.
“É um reconhecimento que não é só meu, mas da ciência pública brasileira, da Embrapa e de todos que acreditam que é possível produzir alimentos com respeito ao planeta”, declarou Mariangela em entrevista após o anúncio.
Reconhecimento internacional e cerimônia nos EUA
A cerimônia de premiação está marcada para 23 de outubro de 2025, em Des Moines, capital do estado de Iowa, nos Estados Unidos. O evento é promovido pela Fundação World Food Prize, que reconhece anualmente indivíduos que promovem inovações para a segurança alimentar mundial.
Impacto global e futuro da agricultura
As tecnologias desenvolvidas pela brasileira estão hoje presentes em lavouras de diversos países da América Latina e começam a ser adotadas em nações da África e da Ásia, mostrando seu potencial para revolucionar a produção agrícola em escala planetária.
Com o prêmio, Mariangela reforça o papel da ciência brasileira no protagonismo agroambiental mundial, em um momento em que a agricultura é desafiada a produzir mais, com menos impacto ambiental.