Informações G1
A invasão de javalis está causando prejuízos para agricultores e ameaça também a suinocultura em Santa Catarina. Estima-se que existam cerca de 200 mil javalis no estado. O cenário no interior catarinense é o exemplo mais drástico do estrago causado pelo animal que já está presente em pelo menos 563 municípios brasileiros.
Atualmente, o javali é o único animal cuja caça é permitida no país. Em 25 de março, uma nova portaria do Ibama regulamentou o uso de cães para o manejo da espécie e informatizou o sistema de autorizações para caçadores. As medidas são vistas com bons olhos por produtores rurais e pesquisadores, que reclamavam da burocracia do sistema antigo.
O transtorno causado pelos javalis no estado é ainda mais grave que no resto do país. Isto ocorre por dois motivos. O primeiro é o tipo de propriedade que predomina em Santa Catarina. Pequenas lavouras de milho são muito comuns e, com frequência, um bando de javalis pode destruir toda a propriedade em poucos dias.
“Acaba sendo um problema social muito grave para esses pequenos produtores, que são muito dependentes daquele pouco que têm”, explica Carlos Henrique Salvador, biólogo e consultor do Plano Javali, do Ibama.
A segunda condição para a situação crítica em Santa Catarina é a produção de suínos no estado. Trata-se do líder em suinocultura no país, com mais de 1/4 da produção nacional, segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Como o javali e o porco doméstico são da mesma espécie, uma eventual epidemia nos javalis que vivem soltos poderia acometer os suínos de criação, representando um risco à saúde do rebanho.
A gravidade dos ataques está relacionada a características típicas da espécie. Os javalis andam em bandos de cinco a 20 animais e geralmente atacam as lavouras após o anoitecer. Durante o dia, os grupos se escondem em regiões remanescentes de floresta ou nas próprias plantações.
Além do milho, os javalis consomem outras variedades produzidas em Santa Catarina. A soja, que virou alternativa para os produtores de Capão Alto, também serve de alimento, mas apenas nos estágios iniciais da produção, quando o animal se interessa pelo adubo e pelas sementes.
Quando estão nas florestas, os javalis configuram um risco ambiental porque se alimentam de espécies nativas da flora catarinense, como a araucária e a imbuia, ambas ameaçadas de extinção.