Informações O Globo

Neste sábado (15), em carta enviada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do BNDES, Joaquim Levy pediu demissão do cargo. “Solicitei ao ministro da Economia, Paulo Guedes, meu desligamento do BNDES. Minha expectativa é que ele aceda. Agradeço ao ministro o convite para servir ao país e desejo sucesso nas reformas. Agradeço também, por oportuno, a lealdade, dedicação e determinação da minha diretoria”.
Na carta, Levy agradeceu especialmente aos inúmeros funcionários do BNDES, “que têm colaborado com energia e seriedade para transformar o banco, possibilitando que ele responda plenamente aos novos desafios do financiamento do desenvolvimento, atendendo às muitas necessidades da nossa população e confirmando sua vocação e longa tradição de excelência e responsabilidade”.
Críticas
Na tarde de sábado, o presidente Jair Bolsonaro criticou e ameaçou demitir Levy. Bolsonaro disse estar “por aqui” com o chefe do banco, que estaria “com a cabeça a prêmio”.
Desde o início do governo, a relação entre os dois foi marcada por divergências. O episódio mais recente foi a escolha de Marcos Barbosa Pinto para a diretoria da área de Mercado de Capitais, do BNDES, responsável pelos investimentos do BNDESPar, braço de participações acionárias do banco de fomento, que administra carteira superior a R$ 100 bilhões. O presidente exigiu que Levy demitisse o diretor.
Na noite de sábado, Barbosa Pinto entregou uma carta de renúncia ao cargo. Ele foi chefe de gabinete de Demian Fiocca, na presidência do BNDES, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também foi sócio na Gávea Investimentos, gestora de recursos fundada pelo ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga, e foi diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em entrevista ao “G1″, Guedes destacou ainda que é natural Bolsonaro se sentir “agredido”, “é natural quando o presidente do BNDES coloca na diretoria do banco nomes ligados ao PT”.
Guedes lembrou que o presidente Bolsonaro apresentou como promessa de campanha abrir a caixa-preta do BNDES.
“Ninguém fala em abrir a caixa-preta e ainda nomeia um petista. Então, fica clara a compreensão da irritação do presidente. O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem encaminhou uma solução para o futuro” disse.
Levy também participou de governos petistas. Foi secretário do Tesouro no governo Lula e ministro da Fazenda na gestão de Dilma Rousseff.