A Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) consolida sua atuação internacional com a criação de um CNPJ no Canadá, parcerias com instituições como a Conestoga College e Mitacs, além da implementação de 12 hubs em diferentes países. O movimento vem transformando a realidade de startups catarinenses, que agora contam com apoio direto para acessar mercados globais.
Henrique Bilbao, vice-presidente de internacionalização da ACATE e residente na cidade de Kitchener (região de Waterloo, Canadá), concedeu entrevista exclusiva ao ClicRDC. Segundo ele, a internacionalização deixou de ser um plano distante e passou a ser estruturada com programas concretos, como o GT de Internacionalização, missões comerciais, soft landings e incubação no exterior.
“Temos mais de 105 empresas participando do grupo de internacionalização e 12 programas diferentes para apoiar quem quer vender para fora. Não é mais só sobre ter um produto bom, é sobre saber apresentar isso para o mundo — em inglês, espanhol, francês ou árabe, se for o caso”, destacou Bilbao.
Entre os programas de maior impacto estão:
- Hubs globais: ACATE mantém parcerias com representantes locais em 12 países, como China, Estônia, Alemanha e Canadá, que ajudam os empreendedores brasileiros a entrarem em contato com potenciais clientes e investidores;
- Embaixadores ACATE: representantes oficiais da associação em países como Estados Unidos, Itália, Alemanha, Dubai e Canadá, que atuam em eventos e negociações locais;
- Parcerias institucionais: acordos com organizações como a Mitacs (fundo de pesquisa do Canadá) e a Conestoga Global Tech, que oferecem programas de incubação com apoio financeiro parcial ou total;
- Reconhecimento internacional: o Miditec, incubadora da ACATE, foi eleita por três ciclos consecutivos como uma das cinco melhores do mundo pela UBI Global, gerando credibilidade para startups brasileiras no exterior.
Bilbao ressalta ainda que o Canadá se tornou a principal porta de entrada para as startups da ACATE no exterior. Só em 2024, 35 empresas participaram de missões internacionais para o país.
“O consulado canadense ficou surpreso. Nunca viram tanta empresa de um único estado brasileiro querendo internacionalizar”, afirmou.
A estrutura da ACATE no exterior foi sendo construída a partir de demandas reais: “Minha empresa, a Playmove, desenvolve jogos para crianças com deficiência. Começamos no Brasil e hoje vendemos do Canadá para o mundo, sem perder nossa essência brasileira”, relatou.
A ACATE também articula diretamente com polos regionais como Chapecó, Joinville, Blumenau e Balneário Camboriú. No Oeste, a Deatec, que representa a ACATE na região, tem desempenhado papel estratégico ao mobilizar as empresas locais para enxergarem oportunidades no mercado internacional.
Foi dentro desse movimento que a IXC Soft, empresa associada à Deatec de Chapecó, participou de uma missão empresarial para Dubai, em parceria com a ACATE. O case é um exemplo do potencial das empresas do interior catarinense quando conectadas a ecossistemas globais.
“Temos o Brasil como referência em mão de obra qualificada, com um diferencial: somos baratos e bons. Isso atrai olhares de fundos internacionais. Mas é preciso estar pronto: com software em inglês, equipe treinada e mentalidade global”, reforça Bilbao.
A associação se prepara agora para executar seu primeiro programa próprio de soft landing, com financiamento da Fapesc. Serão 20 startups selecionadas para incubação gratuita no Canadá, com todas as melhores práticas do ecossistema global de inovação.
“Enquanto muitos ainda esperam o mundo vir até o Brasil, a ACATE está levando o Brasil para o mundo — com estratégia, estrutura e muito trabalho colaborativo”, conclui.
