
A indústria de alimentos brasileira acaba de ganhar uma das maiores potências do setor: a Marfrig e a BRF anunciaram nesta quinta-feira (15) a conclusão de um acordo de fusão que cria a MBRF, uma companhia com faturamento combinado estimado em mais de R$ 150 bilhões por ano, colocando o Brasil ainda mais em destaque no cenário global de proteínas.
Com a transação, a Marfrig — que já possuía 50,5% das ações da BRF — consolida o controle total da companhia, por meio de uma operação de troca de ações. A fusão cria sinergias operacionais estimadas em R$ 800 milhões anuais e une os negócios complementares das duas gigantes: a Marfrig é referência global em carne bovina e controla a americana National Beef; já a BRF é líder no processamento de frango e suíno, com marcas consagradas como Sadia, Perdigão e Qualy.
Histórico de aproximação
A união entre as duas empresas era uma possibilidade há anos. Em 2019, uma tentativa de fusão foi abortada devido a divergências sobre governança e estrutura acionária. Mas, a partir de 2021, a Marfrig começou a ampliar sua participação na BRF, chegando à condição de acionista majoritária em 2023. A nomeação de Miguel Gularte, presidente da Marfrig, para o comando da BRF em 2022 foi interpretada pelo mercado como um sinal claro de que a integração estava em curso.
Impactos e expectativas
Com a criação da MBRF, o Brasil passa a ter uma empresa com escala e musculatura global para disputar mercado com gigantes como JBS e Tyson Foods. A nova empresa terá forte presença na América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio. Analistas de mercado avaliam que a união fortalece a posição do país como fornecedor estratégico de alimentos, especialmente diante de cenários globais de insegurança alimentar e conflitos geopolíticos.
O anúncio da fusão repercutiu positivamente no mercado financeiro. As ações da BRF fecharam o dia com alta de 4,78%, enquanto os papéis da Marfrig subiram 4,34%, em um movimento que superou o desempenho de concorrentes como Minerva e JBS.
Governança e próximos passos
A nova companhia terá estrutura unificada de gestão e governança, com foco na integração de cadeias produtivas, ampliação de mercados e aumento da rentabilidade. A expectativa é que, nos próximos meses, a MBRF comece a anunciar medidas operacionais e estratégias comerciais que deem forma concreta à sinergia entre as marcas.
O movimento é considerado um marco na história corporativa do setor de alimentos no Brasil, tanto pelo volume envolvido quanto pelo potencial de impacto na cadeia produtiva nacional e nas exportações.