
Polícia Federal avança em investigação sobre descontos irregulares
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (14) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um bilionário esquema de fraudes em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Os agentes cumpriram dois mandados de busca e apreensão em Presidente Prudente (SP), com foco em um operador financeiro suspeito de movimentar recursos ilícitos e adquirir veículos de luxo com dinheiro proveniente dos crimes.
Fraude estruturada em acordos com o INSS
A investigação revelou que diversas entidades firmaram acordos de cooperação técnica com o INSS e passaram a realizar descontos nos benefícios de aposentados e pensionistas sem a devida autorização. Os valores, supostamente destinados a serviços associativos, eram repassados diretamente a essas organizações — muitas das quais sequer prestavam os serviços prometidos.
Entre 2019 e 2024, o esquema pode ter desviado aproximadamente R\$ 6,3 bilhões, segundo estimativas da Controladoria-Geral da União (CGU). A operação levou ao afastamento do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de outros cinco servidores públicos. Também resultou na saída do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, substituído por Wolney Queiroz.
Milhões de brasileiros lesados
O impacto da fraude é devastador: cerca de 9 milhões de beneficiários do INSS podem ter sido afetados pelos descontos indevidos. A suspeita é de que pelo menos 11 entidades estejam formalmente envolvidas, com indícios contra mais de 20 organizações.
Medidas do governo para conter os danos
Diante da gravidade do caso, o governo federal anunciou a suspensão imediata de todos os descontos associativos nos benefícios previdenciários. Além disso, os acordos de cooperação técnica estão sendo revistos, e novas diretrizes foram estabelecidas para assegurar que qualquer desconto futuro ocorra apenas mediante autorização expressa do beneficiário.
Um plano para o ressarcimento dos valores descontados indevidamente também está em elaboração, com apoio da CGU e do Ministério da Previdência.