
Lula avalia saída de Lupi diante da crise no INSS
Diante do agravamento da crise envolvendo descontos indevidos em benefícios do INSS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a considerar a demissão do ministro da Previdência, Carlos Lupi. A possibilidade foi admitida por auxiliares próximos ao presidente, que apontam insatisfação com a falta de resposta rápida e a condução política diante das denúncias.
Além da cobrança pública, a exoneração do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, sem reposição imediata por parte de Lupi, aumentou a pressão. Lula acabou nomeando diretamente Gilberto Waller Júnior, num gesto interpretado como sinal de desgaste do ministro.
Benefício para entidade ligada a irmão de Lula agrava cenário
O estopim da crise foi o descobrimento de que o INSS dispensou a exigência de biometria facial para permitir descontos nos benefícios de aposentados filiados ao Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi). A entidade tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente da República.
A regra foi criada em junho de 2024, contrariando a orientação técnica implementada meses antes. Com isso, a entidade pôde continuar realizando os descontos sem a autorização biométrica dos beneficiários, o que facilitou fraudes. Embora Frei Chico não seja alvo direto da investigação, o presidente do sindicato é citado por suposto uso político da organização.
Esquema teria desviado bilhões e já mobiliza PF e CGU
Relatórios preliminares apontam que os prejuízos aos cofres públicos chegam a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União estão à frente das investigações e identificaram milhares de casos em que os beneficiários não reconheciam os descontos em seus contracheques.
Lula determinou que as entidades envolvidas sejam acionadas judicialmente para devolver os valores. O novo presidente do INSS já recebeu autonomia para implantar medidas rigorosas de controle, com o objetivo de reorganizar o sistema e restaurar a confiança da população.
PDT ameaça deixar base do governo
A possibilidade de demissão de Carlos Lupi gerou reações dentro do PDT, partido que compõe a base do governo. Integrantes da legenda ameaçam romper com o Palácio do Planalto, caso a exoneração se confirme. A crise, portanto, vai além da Previdência e atinge o equilíbrio político da coalizão governista.
Nos bastidores, o cenário é de alerta máximo no núcleo político do Planalto, que busca evitar um racha institucional e controlar os danos diante da repercussão pública e judicial do escândalo.