
As cooperativas, desde seu surgimento, têm sido organizações que congregam a agricultura familiar e estão profundamente comprometidas com o desenvolvimento sustentável. Bem antes da popularização do conceito ESG (ambiental, social e governança), as cooperativas já atuavam na promoção de práticas sustentáveis e na harmonização da preservação dos recursos naturais com o desenvolvimento social e econômico.
A participação das cooperativas na vida econômica de Santa Catarina e de todos os Estados brasileiros é fundamental. Elas são responsáveis pelo desenvolvimento econômico, a criação de empregos, a geração de riquezas e a promoção da paz social. As cooperativas fortalecem e dinamizam as economias locais, organizando os agricultores familiares e proporcionando um modelo social e econômico inclusivo e igualitário. O cooperativismo é considerado o melhor modelo social existente no planeta, pois produz e reparte na proporção direta do esforço de cada um.
Em Santa Catarina, as principais cadeias produtivas do setor primário estão assentadas sobre a agricultura familiar, que tem uma importância histórica na geração de divisas, renda e empregos rurais e urbanos. Trata-se de uma agricultura avançada, sustentável, produtiva e competitiva, que gera excedentes exportáveis voltados tanto para os mercados interno quanto externo. Estima-se que 87% dos estabelecimentos rurais de Santa Catarina, cerca de 170 mil propriedades, são classificadas como agricultura familiar.
Com pouco mais de 1% da superfície do território nacional, Santa Catarina se destaca entre as unidades da Federação em produção agrícola e pecuária. Essa posição privilegiada se deve, na maioria, ao alto valor agregado das atividades intensivas desenvolvidas, como a fruticultura e a produção animal, que têm respondido pela maior parcela do valor da produção agropecuária catarinense nos últimos anos. Pequenos e médios produtores são responsáveis pela maior parte da produção do estado, como demonstrado pelo crescente valor da produção agropecuária (VPA).
A agricultura familiar catarinense também desempenha um papel crucial nas exportações do Estado. Em 2023, o setor agropecuário catarinense exportou 7,49 bilhões de dólares, representando 65% das exportações totais de Santa Catarina. Esse desempenho excepcional é fortemente apoiado pelo cooperativismo, que combina postulados sociais e econômicos para produzir e repartir os resultados de maneira justa.
As cooperativas proporcionam proteção econômica, atualização tecnológica e defesa política para os seus cooperados. Elas ajudam a incorporar novas tecnologias, diversificar atividades, tecnificar a agricultura e outras explorações pecuárias, e melhorar a infraestrutura rural. Isso inclui a eletrificação rural, assistência técnica, habitação, saneamento e uma melhor qualidade de vida para as famílias rurais.
Uma peça fundamental no apoio ao pequeno produtor é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), criado em 1996. O Pronaf é um componente estratégico da política de desenvolvimento rural inclusiva e sustentável, financiando a produção de alimentos e democratizando o acesso ao crédito rural. Em Santa Catarina, cerca de dois terços dos contratos de crédito rural foram tomados através do Pronaf, demonstrando sua alta relevância para a agricultura familiar no Estado.
A modernização da agricultura familiar em Santa Catarina também se deve à incorporação de ciência e tecnologia, apoiadas pelo Sistema S, cooperativas e agroindústrias. Isso resultou em maior conhecimento, tecnologia, processos aperfeiçoados, produtividade elevada e aumento da produção. O treinamento e a qualificação, incluindo o ensino à distância, têm sido essenciais na preparação do trabalhador e do produtor rural para os desafios dos novos tempos.
O produtor rural catarinense tornou-se um empresário, e a propriedade rural, uma empresa preparada para os desafios do mercado. Esse modelo de agricultura familiar, produtivo, eficiente, sustentável e conectado, deve ser valorizado e replicado em todo o Brasil como um paradigma de uma agricultura moderna.
O cooperativismo e a agricultura familiar são pilares fundamentais do desenvolvimento sustentável em Santa Catarina. As cooperativas não só fortalecem as economias locais e promovem a paz social, mas também harmonizam a preservação dos recursos naturais com o desenvolvimento econômico. A agricultura familiar catarinense, fortemente apoiada pelo cooperativismo, destaca-se pela sua produtividade, sustentabilidade e competitividade, contribuindo significativamente para a economia estadual e nacional. O sucesso deste modelo deve servir de exemplo para outras regiões, promovendo um desenvolvimento agrícola equilibrado e sustentável em todo o Brasil.