
Influência ativa mesmo inelegível
Mesmo declarado inelegível até 2030, Jair Bolsonaro segue pautando a política nacional com movimentos estratégicos e mobilização de sua base. O ex-presidente mantém força significativa junto a setores conservadores e religiosos e atua diretamente nos bastidores da política, articulando apoio a projetos como o da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Além disso, Bolsonaro planeja caravanas pelo país com o objetivo de fortalecer sua presença e preparar o terreno para as eleições de 2026, consolidando sua imagem como principal liderança da direita brasileira.
Base governista fragmentada
Enquanto isso, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta entraves no Congresso Nacional. A ampla, mas heterogênea, coalizão de 14 partidos não garante a governabilidade necessária para aprovar com agilidade as propostas do Executivo. O resultado é um cenário de derrotas parlamentares frequentes e necessidade constante de negociação política.
A falta de uma maioria sólida contribui para o bloqueio de medidas estratégicas, comprometendo o ritmo das entregas do governo e alimentando críticas da oposição.
Oposição mira no desgaste econômico
Além do embate legislativo, a oposição tem explorado fragilidades econômicas do governo Lula, especialmente no Nordeste, região historicamente vinculada ao petismo. O objetivo é ampliar a base eleitoral da direita, utilizando a insatisfação popular com temas como inflação e crescimento limitado como combustível para o discurso crítico.
Essa combinação de fatores – liderança ativa de Bolsonaro, dificuldades de articulação do governo e aposta no desgaste econômico – fortalece a polarização política e desafia a governabilidade do atual presidente, criando um ambiente de tensão permanente no cenário institucional brasileiro.
Críticas diretas à política econômica
O ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, tem elevado o tom contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ele, o atual governo repete a linha econômica da gestão Bolsonaro, mantendo o tripé formado por superávit primário, metas de inflação e câmbio flutuante. Em suas declarações, Ciro afirma não ver mudanças estruturais reais na condução da economia e questiona a diferença prática entre os dois governos.
Ciro também apontou para a desconfiança de investidores, alegando que o país perdeu cerca de US$ 56 bilhões em capital estrangeiro entre janeiro e outubro de 2024, número que, para ele, reflete o desânimo com a condução econômica e política atual.
Ajuste fiscal sob ataque
O pedetista foi ainda mais duro ao comentar o plano de ajuste fiscal defendido pelo governo. Ele classificou a proposta como “uma das mágicas mais fuleiras que já vi”, acusando o Planalto de tentar maquiar os problemas em vez de enfrentá-los. Na sua visão, o plano é insuficiente para resolver os desafios econômicos e aprofunda as dificuldades da população brasileira.
Questionamentos sobre postura política
Ciro também direcionou suas críticas à conduta política do governo Lula. Em momentos de crise, como as enchentes no Rio Grande do Sul, o ex-candidato acusou o governo de priorizar a imagem pública e o embate contra fake news em vez de adotar ações mais eficazes. Ele destacou o protagonismo da primeira-dama Janja e do próprio presidente nesse debate, o que, segundo ele, desvia o foco das soluções urgentes que a população necessita.
Frustração e declarações polêmicas
O ex-governador do Ceará também não poupou críticas quanto à integridade do governo. Em declarações recentes, Ciro afirmou que “está todo mundo roubando”, sugerindo que práticas de corrupção ainda persistem, mesmo com a mudança de gestão.
Ele também revelou frustração pessoal com o cenário político atual, afirmando que a derrota nas eleições de 2022 “matou sua paixão política”. Para Ciro, o atual governo é uma “decepção” para os brasileiros que esperavam rupturas reais com práticas anteriores.
Governo reage à movimentação de parlamentares da base
O Palácio do Planalto iniciou uma ofensiva contra deputados aliados que assinaram o pedido de urgência para o projeto de lei que propõe anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, ocorridos em 8 de janeiro de 2023. A assinatura do requerimento foi vista como um gesto de infidelidade política, gerando forte reação do núcleo político do governo.
Maioria das assinaturas veio da base
O pedido de urgência foi protocolado com 262 assinaturas, sendo que 55% vieram de partidos com ministérios no governo e 61% de siglas da base aliada. Entre os partidos com maior número de assinaturas estão União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos.
Possíveis retaliações em pauta
O governo avalia retaliações políticas como a suspensão de nomeações e a redistribuição de espaços de poder entre os partidos. O Planalto também busca reverter assinaturas com base em articulações coordenadas pelo Ministério das Relações Institucionais.
STF também pressiona governo Lula
A movimentação dos deputados também provocou reação no Judiciário. Ministros do STF cobraram do governo uma atuação mais firme para conter o avanço do projeto e alinhar sua base ao discurso institucional contra os ataques de 8 de janeiro.
Tramitação ainda depende de decisão da presidência da Câmara
Apesar da adesão expressiva, a urgência só será válida caso o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute a matéria. Se aprovada, acelera a tramitação do projeto, que ainda passará por votação nas duas Casas do Congresso Nacional.