
A construção de uma malha ferroviária conectando Chapecó ao Paraná e ao Litoral de Santa Catarina pode transformar a cidade no maior polo econômico do estado. Com investimentos projetados de até R$ 6,8 bilhões, o avanço da infraestrutura ferroviária promete atrair indústrias, reduzir custos logísticos e impulsionar o crescimento populacional.
Os projetos envolvem dois trechos estratégicos: o ramal Cascavel–Chapecó, com 263 km, parte da Nova Ferroeste, e a Ferrovia do Frango, com 319 km, ligando Chapecó a Correia Pinto (SC). Ambas as conexões vão inserir o Oeste catarinense na malha ferroviária nacional, permitindo escoamento direto da produção agrícola e industrial para os portos de Paranaguá (PR), Itajaí e Navegantes (SC).
Chapecó no centro da nova logística ferroviária
Atualmente, Chapecó é um dos principais polos agroindustriais de Santa Catarina, mas sua dependência de rodovias encarece a produção e limita o crescimento. A ferrovia trará um novo cenário, reduzindo custos operacionais e permitindo que a cidade se torne um hub logístico regional.
O ramal Cascavel–Chapecó, com previsão de 18 túneis e 31 pontes/viadutos, facilitará o acesso ao Porto de Paranaguá, enquanto a Ferrovia do Frango permitirá uma ligação direta com os portos catarinenses. Juntos, esses corredores ferroviários poderão transportar milhões de toneladas de cargas por ano, conectando Chapecó a mercados nacionais e internacionais.
O governo catarinense já investiu R$ 32 milhões em estudos e projetos básicos da ferrovia, sendo R$ 26 milhões apenas para o trecho Chapecó–Correia Pinto. O objetivo é atrair investidores privados e garantir que as obras avancem nos próximos anos.
Atração de indústrias e investimentos bilionários
A nova infraestrutura ferroviária pode transformar Chapecó em um dos maiores polos industriais do Sul do Brasil. Com transporte ferroviário eficiente, grandes empresas poderão se instalar na região, gerando milhares de empregos diretos e indiretos.
Os setores mais beneficiados serão agroindústria, exportação de carnes, máquinas agrícolas, grãos e combustíveis, além de empresas de logística e distribuição. O estudo do governo estadual indica que a ferrovia pode aumentar significativamente a competitividade da região, atraindo investimentos privados na casa dos bilhões de reais.
O setor produtivo já demonstrou interesse na ferrovia: a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) financiou estudos de viabilidade do trecho Cascavel–Chapecó e doou ao governo do Paraná para acelerar sua inclusão na Nova Ferroeste. Isso reforça a expectativa de que a iniciativa privada terá papel fundamental na viabilização do projeto.
Impacto no crescimento populacional de Chapecó
Com a ferrovia, especialistas estimam que Chapecó pode vivenciar um salto populacional expressivo nos próximos 20 anos. Atualmente com cerca de 250 mil habitantes, a cidade pode dobrar esse número, ultrapassando grandes centros catarinenses como Joinville e Florianópolis.
A chegada de indústrias e empregos criará uma alta demanda por moradias, infraestrutura urbana e serviços públicos, pressionando o município a expandir sua malha viária, transporte coletivo e áreas habitacionais. Regiões próximas ao futuro terminal ferroviário poderão sofrer valorização imobiliária e atrair novos empreendimentos comerciais e residenciais.
Cidades como Maringá e Cascavel, no Paraná, são exemplos de municípios que tiveram crescimento acelerado após a chegada de ferrovias, tornando-se centros regionais de desenvolvimento. Chapecó segue esse caminho, com potencial para se tornar o maior polo econômico de Santa Catarina.
O desafio de consolidar Chapecó como a maior cidade do estado
A ferrovia é vista como um divisor de águas para Chapecó, mas o desafio é garantir que os projetos avancem dentro do cronograma previsto. Com os estudos de viabilidade em fase final – 71% concluídos até 2025 –, a expectativa é que as primeiras licitações possam ocorrer nos próximos anos.
Além disso, o governo catarinense está elaborando uma Lei Estadual de Ferrovias para dar mais segurança jurídica aos investidores e acelerar a execução das obras. Com uma legislação própria, Santa Catarina poderá assumir a concessão de ferrovias dentro do estado, evitando atrasos burocráticos.
Se as obras forem concluídas dentro do prazo e o setor produtivo responder positivamente, Chapecó poderá se consolidar como o maior centro industrial e logístico de Santa Catarina, atraindo empresas, população e investimentos em larga escala.
O futuro da cidade está nos trilhos – e o sucesso da ferrovia pode redefinir Chapecó como a nova potência econômica do Sul do Brasil.