A partir de agora, mulheres que passaram pela mastectomia em Santa Catarina terão acesso garantido à fisioterapia de reabilitação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A conquista veio com a sanção do projeto de lei do deputado estadual Mário Motta (PSD) pelo governador Jorginho Mello (PL). A nova legislação altera a Lei nº 17.928, de 2020, que institui a Política de Proteção aos Direitos da Pessoa com Câncer no estado, assegurando a recuperação funcional das pacientes.
Um passo essencial na recuperação pós-mastectomia
A mastectomia, procedimento cirúrgico para retirada total ou parcial da mama, afeta profundamente a autoestima e a qualidade de vida das mulheres. Além do impacto emocional, o pós-operatório frequentemente resulta em limitação de movimentos, encurtamento muscular e dores intensas.
“É uma vitória para as mulheres catarinenses. A fisioterapia é essencial para evitar complicações e permitir a recuperação funcional do membro afetado. Esse atendimento especializado e prioritário faz toda a diferença para a qualidade de vida das pacientes”, destaca o deputado Mário Motta.
Com a nova medida, além de oferecer o suporte necessário à reabilitação, o estado se compromete a garantir prioridade no atendimento às pacientes oncológicas, evitando filas e longas esperas que poderiam comprometer a recuperação.
O desafio do câncer no Brasil
A sanção da lei ocorre em um momento estratégico: o Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro. Dados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) revelam que 31% dos oncologistas apontam o diagnóstico tardio como um dos principais desafios para o controle da doença no Brasil.
Além disso, a falta de campanhas de conscientização e o difícil acesso a exames de qualidade impedem que muitas mulheres recebam um diagnóstico precoce, reduzindo as chances de tratamento eficaz.
Para enfrentar esse cenário, a SBOC anunciou um treinamento virtual em oncologia clínica destinado aos agentes comunitários de saúde. A iniciativa, realizada em parceria com o aplicativo Con.te, busca ampliar a capacitação de profissionais para melhorar o atendimento e a detecção precoce da doença no SUS.
Mamografia: um exame essencial que muitas ainda não fazem
No Brasil, o 5 de fevereiro marca o Dia Nacional da Mamografia, reforçando a necessidade da prevenção do câncer de mama, o tipo mais comum entre as mulheres. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 700 mil novos casos de câncer por ano no país, tornando ainda mais urgente o fortalecimento de campanhas de conscientização.
No entanto, uma pesquisa recente mostrou um dado alarmante: 42% das mulheres nunca fizeram uma mamografia, muitas delas por falta de pedido médico. Por outro lado, 49% afirmam realizar o exame regularmente, indicando que ainda há um longo caminho a percorrer na conscientização sobre a importância da prevenção.
“A detecção precoce pode significar um prognóstico mais favorável e tratamentos mais eficazes. É fundamental garantir que todas as mulheres tenham acesso às informações corretas e ao suporte necessário para cuidar da própria saúde”, enfatiza Flávia Andreghetto, diretora de oncologia do laboratório responsável pelo levantamento.
Um futuro com mais direitos e acesso à saúde
A sanção da nova lei em Santa Catarina representa um avanço significativo na qualidade do atendimento às mulheres que enfrentam o câncer de mama. Contudo, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais na luta contra a doença, desde a falta de diagnósticos precoces até a carência de políticas públicas que garantam acesso amplo a exames e tratamentos.
Com medidas como essa, a expectativa é de que mais estados sigam o exemplo e fortaleçam o atendimento às mulheres, garantindo que a batalha contra o câncer seja enfrentada com suporte, dignidade e respeito à vida.