segunda-feira, fevereiro 3, 2025
InícioGestão & NegóciosBrasil estagnado: a produtividade que não decola

Brasil estagnado: a produtividade que não decola

Eficiência comprometida, burocracia travando negócios e lacunas na inovação atrasam o potencial econômico

Foto: Givanildo Silva | Doutor em Ciências Contábeis e Administração

O Brasil, conhecido por seu tamanho continental e riqueza em recursos naturais, vê-se diante de um entrave poderoso: a baixa eficiência na geração de valor. Trata-se de um problema que atravessa diferentes setores, do agronegócio às indústrias de alta tecnologia, impactando a competitividade global e prejudicando a criação de oportunidades para milhões de brasileiros. Em um momento em que o mundo exige soluções cada vez mais inovadoras, o país luta para avançar em um ritmo que acompanhe ou supere outras nações emergentes.

Por que o país não decola

Há uma combinação de fatores que impede o Brasil de se destacar em eficiência produtiva. Além da complexidade tributária, marcada por um emaranhado de impostos e obrigações acessórias, as empresas sofrem com barreiras administrativas que atrasam processos de abertura, fiscalização e expansão de atividades. A esses obstáculos, somam-se a falta de infraestrutura de qualidade, com estradas degradadas, ferrovias insuficientes e portos saturados, resultando em custos logísticos elevados.

Outro ponto sensível é a insuficiência de investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Enquanto o Brasil destina cerca de 1,2% do PIB a esse propósito, economias mais inovadoras chegam a ultrapassar os 4%, promovendo saltos de competitividade que colocam as empresas locais em desvantagem. Em paralelo, a escassez de mão de obra qualificada agrava a situação, pois falta preparo técnico em áreas estratégicas, que demandam profissionais atualizados e aptos a lidar com avanços tecnológicos.

- Continua após o anúncio -

Quando educação e inovação são deixadas de lado

Apesar de reformas pontuais, o setor educacional não avança na velocidade que o mercado de trabalho exige. Pensando em competitividade é necessária a melhoria do ensino básico e médio, aliada à expansão de cursos técnicos, que poderia impulsionar a produtividade em pouco tempo. Entretanto, a realidade revela lacunas graves em matemática, leitura e ciências, áreas cruciais para o surgimento de novas patentes, softwares e processos industriais mais eficientes.

Em meio a esse panorama, a capacidade de inovar torna-se um diferencial de sobrevivência. Empresas que arriscam em pesquisa de ponta enfrentam, porém, a falta de incentivos adequados, o que inibe parcerias entre setor privado e universidades. Essa desconexão perpetua um ciclo de baixo dinamismo econômico e perda de competitividade, já que os produtos brasileiros competem com estrangeiros de custo menor e tecnologia superior.

A armadilha dos custos e da burocracia

O chamado “custo Brasil” não se limita às altas taxas tributárias. Ele engloba também todo o conjunto de regras que tornam complexos e demorados os processos de importação, exportação, registro de produtos e pagamento de impostos. A lenta tramitação de documentos, por exemplo, leva empreendedores a gastarem tempo e recursos preciosos com tarefas burocráticas, em detrimento de atividade inovadora e planejamento estratégico.

Investidores internacionais, atraídos pelo potencial de consumo local, acabam recuando diante de entraves que comprometem a expansão de fábricas, a contratação de profissionais estrangeiros e a implementação de novas linhas de produção. O resultado é uma espiral de falta de confiança, que afasta capital externo e reduz o ímpeto de crescimento de organizações já estabelecidas.

Sinais de mudança e esperança

Apesar do quadro crítico, soluções existem e podem ser ativadas com vontade política e pactuação entre governo, setor privado e sociedade civil. Reformas estruturais voltadas para simplificação de impostos e desburocratização seriam capazes de liberar empreendedores para focar em estratégias mais produtivas. Além disso, investir na formação de jovens e adultos, buscando elevar o grau de especialização profissional, é essencial para transformar o quadro atual.

Há também a proposta de fortalecer parcerias público-privadas para modernizar estradas, portos e ferrovias, bem como acelerar a digitalização de processos que hoje emperram o avanço produtivo. Iniciativas pontuais mostram que, quando há investimento direcionado, as empresas conseguem inovar, gerando emprego, renda e tecnologias próprias. Essa semente de mudança reforça a ideia de que, se o país abraçar soluções já conhecidas, existe um potencial extraordinário a ser explorado.

Em síntese, a batalha pela produtividade segue como a grande missão do Brasil para se afirmar no cenário econômico global. Romper com entraves burocráticos, priorizar educação de qualidade e ampliar investimentos em inovação e infraestrutura pode ser o caminho para transformar a promessa de crescimento em realidade palpável. Resta saber se o país estará pronto para escolher essa rota e despertar todo o seu gigantismo em favor de um futuro mais próspero.

Publicidade

Notícias relacionadas

SIGA O CLICRDC

147,000SeguidoresCurtir
120,000SeguidoresSeguir
13,000InscritosInscreva-se

Participe do Grupo no Whatsapp do ClicRDC e receba as principais notícias da nossa região.

*Ao entrar você está ciente e de acordo com todos os termos de uso e privacidade do WhatsApp