
General Braga Netto é preso sob acusação de obstrução
O general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-chefe da Casa Civil, foi preso neste sábado, 14 de dezembro de 2024, pela Polícia Federal, no Rio de Janeiro. A detenção ocorreu no âmbito das investigações sobre uma suposta trama golpista que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. A prisão gerou críticas contundentes de militares e políticos, reacendendo debates sobre legalidade e imparcialidade do processo judicial.
Acusação de interferência em investigações
Segundo a Polícia Federal, Braga Netto é acusado de obstruir as investigações ao tentar acessar informações sigilosas sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O contato teria ocorrido por meio dos pais de Cid, levantando novas suspeitas sobre interferência nas apurações.
Críticas e reações políticas
A prisão do general causou reações imediatas. O senador Hamilton Mourão, também general da reserva e ex-vice-presidente, criticou duramente a medida, descrevendo-a como “uma nova página no atropelo das normas legais a que o Brasil está submetido.” Mourão não foi o único a se manifestar: figuras do alto escalão militar e membros da oposição também demonstraram preocupação com os rumos das investigações e o tratamento dispensado ao general.
Custódia militar e postura do Exército
Por ser general de quatro estrelas, Braga Netto foi conduzido à 1ª Divisão de Exército, na Vila Militar, onde permanece sob custódia. Em comunicado oficial, o Exército informou que acompanha de perto as diligências determinadas pela Justiça e que colabora integralmente com as investigações em curso.
Investigações e negações
A prisão de Braga Netto integra uma ampla investigação sobre tentativas de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022. Em novembro, a Polícia Federal já havia indiciado Braga Netto, Bolsonaro e outras 36 pessoas sob acusações de elaboração de planos para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular os resultados eleitorais.
O general nega veementemente as acusações. Em declaração recente, afirmou que “nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém”.
Debates sobre legalidade e polarização
A detenção de Braga Netto reacende a polarização política no Brasil e levanta questões sobre o equilíbrio entre a busca pela justiça e o respeito às normas legais. A crítica de atropelos jurídicos, aliada à tensão entre instituições, coloca a investigação sob maior escrutínio da opinião pública e do cenário político.