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Selic pode subir 1 ponto percentual
O mercado financeiro ajustou suas projeções e já precifica uma alta de 1 ponto percentual na Selic, taxa básica de juros, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para 11 de dezembro. A taxa, atualmente em 11,25% ao ano, poderá atingir 12,25%, após a combinação de pressões inflacionárias, desvalorização cambial e incertezas fiscais. Até recentemente, as apostas se concentravam em uma elevação de 0,75 ponto percentual, mas o cenário econômico adverso fez com que as expectativas mudassem.
Inflação e câmbio sobem pressão no mercado
O principal fator que tem acelerado essas projeções é a inflação, com expectativa de alta nos preços em novembro. Especialistas apontam aumento nos preços dos alimentos como um dos principais vilões, mesmo com reajustes menores na energia elétrica, que devem aliviar parcialmente o índice.
Além disso, a desvalorização do real, com o dólar atingindo a marca de R$6,00, tem agravado a situação. O câmbio elevado torna produtos importados mais caros, pressionando a inflação e forçando o Banco Central a adotar uma política monetária mais restritiva.
Incertezas fiscais preocupam investidores
O cenário fiscal também pesa na decisão do mercado. As dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar o pacote de ajuste fiscal aumentaram o pessimismo dos investidores. A aprovação apertada do regime de urgência para as medidas – com apenas três votos de diferença – evidencia os desafios na implementação efetiva das políticas fiscais.
Transição no Banco Central traz novas expectativas
A reunião de dezembro será marcada pela despedida de Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central. Em janeiro de 2025, Gabriel Galípolo, atual diretor de Política Monetária, assumirá o comando da instituição. Com a posse de Galípolo, sete dos nove membros do Copom serão indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que pode influenciar o rumo das futuras decisões monetárias.
Apesar da transição, analistas do mercado acreditam que Galípolo manterá uma postura similar à de Campos Neto, garantindo a continuidade da política monetária em resposta ao cenário inflacionário.
Expectativas para os próximos passos
O mercado financeiro aguarda a sinalização do Copom na próxima quarta-feira, com foco especial em declarações sobre a trajetória da Selic em 2025. Segundo analistas, o desafio será equilibrar o controle inflacionário com o crescimento econômico, em um contexto de incertezas fiscais e pressões do câmbio.
Em resumo, a combinação de fatores econômicos adversos fortalece a aposta de que o Banco Central precisará ser mais agressivo no aumento dos juros para conter a inflação e estabilizar o mercado.