Missão cancelada no momento decisivo
No dia 15 de dezembro de 2022, um grupo de militares e um policial federal planejou a prisão e assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a Polícia Federal, a operação clandestina foi minuciosamente coordenada, com os envolvidos utilizando codinomes e se posicionando em locais estratégicos próximos à residência do ministro.
A missão foi abortada às 20h59, minutos após a confirmação de que uma votação no STF, possivelmente relacionada ao plano, havia sido adiada.
Plano de assassinato de Lula e Moraes envolvendo militares é desarticulado pela PF
Como o plano foi articulado
A investigação revelou que o grupo utilizava o aplicativo Signal, em um chat denominado “Copa 2022”. Codinomes como “Gana”, “Brasil”, “Áustria” e “Alemanha” foram usados para dificultar a identificação dos participantes. Os celulares utilizados eram registrados em nomes falsos e ativados poucos dias antes da ação.
- 20h20: Rafael Martins, um dos militares envolvidos, pediu para ser adicionado ao grupo.
- 20h33: “Gana” informou que estava posicionado em frente ao restaurante Gibão, no Parque da Cidade, enquanto “Brasil” confirmou sua localização estratégica.
- 20h43: Mensagens no grupo indicavam que todos deveriam manter as posições.
- 20h57: “Áustria” perguntou se a operação seria cancelada. Dois minutos depois, o líder do grupo, identificado pelo codinome “teixeiralafaiete230”, respondeu: “Abortar… volta para o local de desembarque.”
Motivo do cancelamento
A suspensão do plano foi diretamente influenciada pelo adiamento da votação no STF naquele dia. Os envolvidos decidiram recuar, acreditando que a mudança no cronograma impactaria a execução do plano.
Além disso, mensagens trocadas mostram uma tentativa de eliminar rastros. “Gana”, por exemplo, optou por se deslocar a pé, evitando serviços de transporte que registrassem sua localização.
Investigados e prisões
Entre os suspeitos estão militares de alta patente e um policial federal, incluindo o general Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Wladimir Matos Soares, policial federal, também é apontado como um dos articuladores.
A operação foi abortada, mas a ação clandestina era parte de um plano maior que incluía o assassinato do presidente eleito Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Moraes.
Desdobramentos políticos e institucionais
O relatório da PF expõe a complexidade e a gravidade das ameaças contra a democracia brasileira. As prisões realizadas em 19 de novembro de 2024 trouxeram à tona não apenas os detalhes da operação abortada, mas também a articulação de uma estrutura golpista ampla e bem organizada.