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Aos 86 anos, o magnata indiano Ratan Tata, uma das figuras mais respeitadas da indústria global, faleceu no último dia 8 de outubro, deixando um legado robusto e uma visão única para o futuro de sua fortuna, avaliada em cerca de R$ 673 milhões. Conhecido por sua condução exemplar do conglomerado Tata Group, ele transformou a empresa em um ícone do empreendedorismo ético e responsável, elevando o setor corporativo indiano a um novo patamar. Seu testamento trouxe surpresas, ao direcionar grande parte de sua riqueza para ações sociais.
Expansão global e aquisição de marcas icônicas
Ratan Tata liderou o Tata Group desde 1991, sucedendo seu tio, J.R.D. Tata, e impulsionando a expansão do conglomerado. Sob sua gestão, a empresa conquistou mercados internacionais, incluindo a aquisição das marcas de luxo Jaguar e Land Rover, em um movimento ousado que colocou a indústria indiana em evidência mundial. A trajetória de Tata também foi marcada pela ascensão de Tata Consultancy Services (TCS), transformando a companhia em uma das maiores exportadoras de tecnologia e inovação do mundo.
Ao longo dos anos, Ratan Tata manteve uma postura discreta, mas firme, sobre questões de governança e ética empresarial. Sua habilidade de unir expansão e responsabilidade social tornou o Tata Group um exemplo de como o sucesso financeiro pode coexistir com práticas sustentáveis e comprometidas com o bem-estar coletivo.
Testamento incomum: Filantropia e sustentação dos Tata Trusts
O testamento de Tata revelou um compromisso profundo com a filantropia. Quase três quartos de sua fortuna estão vinculados aos Tata Trusts, duas fundações que atuam em prol de saúde, educação e desenvolvimento comunitário. Esses trusts detêm uma participação de 66% na holding Tata Sons, avaliados em bilhões de rupias. Tata consolidou seu desejo de que seus ativos sustentem esses fundos, garantindo um legado duradouro.
A distribuição de sua fortuna foi delegada a seus amigos e familiares de confiança, incluindo Mehli Mistry e o advogado Darius Khambata, que atuarão como executores. Ambos já tinham envolvimento profundo com as fundações e com o empresário, assegurando que as diretrizes de Tata serão mantidas de forma precisa e responsável. Suas meias-irmãs, Shireen e Deanna Jejeebhoy, também foram incluídas na estrutura de responsabilidade pela continuidade das causas beneficentes.
Sucessão e o futuro do Tata Group
A ausência de um sucessor direto lança uma luz sobre a liderança do Tata Group, um conglomerado avaliado em mais de 30 lakh crore rupias. Atualmente, Natarajan Chandrasekaran ocupa o cargo de presidente, sendo amplamente respeitado pela sua condução estável e crescimento da TCS. Entretanto, a família Tata é vista como a sucessora moral e simbólica, especialmente através de Noel Tata, meio-irmão de Ratan, e seus filhos, Leah, Maya e Neville Tata, que começam a ganhar destaque em áreas estratégicas do conglomerado.
O nome de Noel Tata, por sua experiência e atuação discreta, tem sido amplamente cogitado como uma liderança potencial para o Tata Group. Já seus filhos representam a nova geração, com Leah Tata atuando na área de hospitalidade, Maya Tata em finanças e Neville Tata no setor de varejo, sinalizando que o envolvimento da família no conglomerado deve seguir robusto.
Um legado para além dos negócios
A vida de Ratan Tata foi marcada por um ideal de gestão voltado não apenas para o lucro, mas também para a criação de impacto social. Com uma postura ética admirada, seu trabalho à frente dos Tata Trusts foi um pilar fundamental para a construção de projetos de desenvolvimento que visam transformar a realidade de milhões de indianos.
Seu falecimento encerra uma era para o Tata Group, mas deixa como herança um exemplo de responsabilidade social empresarial. A destinação de sua fortuna e os responsáveis por seu testamento representam a continuidade de seu compromisso com o bem-estar coletivo e consolidam o Tata Group como um conglomerado onde a ética e a filantropia têm a mesma importância que o crescimento econômico.
O legado de Ratan Tata continuará a inspirar tanto o setor corporativo quanto as novas gerações, reforçando a importância de se aliar liderança e empatia em um mundo que exige cada vez mais responsabilidade e impacto positivo.