Contra a vontade dos produtores rurais e das indústrias de laticínios, vários fatores adversos, ao longo dos últimos meses, concorreram para essa situação indesejável de aumento dos preços finais.
De um lado, a seca prejudicou as pastagens e diminuiu a oferta de alimentação para as vacas. De outro lado, a inflação e a escassez de insumos elevaram brutalmente os cursos de produção.
Nesse momento, a cadeia produtiva do leite está impactada pelo aumento generalizado de custos diretos, como energia elétrica, gás, combustíveis, fertilizantes, embalagens, matérias-primas, mão de obra e outros insumos.
O custo da nutrição dos animais, por exemplo, explodiu em face da escassez de milho e farelo de soja no mercado, caracterizando o pior choque de oferta desde 1990.
O somatório de todos esses percalços – e a constatação de que a atividade não é rentável – levaram ao intenso abandono da atividade leiteira por produtores rurais. Na década de 1990 existiam em território catarinense 75.000 produtores de leite. Agora, em 2022, são apenas 24.000. Somente durante o período de pandemia mais de 9.000 produtores abandonaram o setor, inviabilizados pelos prejuízos acumulados.
O produtor determina o padrão de qualidade de seus produtos, porque isso depende diretamente de fatores que estão sob seu controle. Entretanto, não define o preço final ao consumidor porque sobre ele agem variáveis imprevisíveis e incontroláveis como custos, clima, mercado etc.
É evidente que nem o produtor, nem a indústria causaram essa situação de preços elevados para o consumidor final. É hora de Governo e Sociedade planejarem uma política para o leite, inspirada nos princípios da segurança alimentar.
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)