Nas últimas semanas um caso de gravidez chamou a atenção e repercutiu pelo Brasil. Um casal de Curitiba descobriu a gravidez apenas 19 dias antes do parto. Lana Maria Wigand e Arthur Felipe Wogram, ambos de 27 anos, são pais de Gabriel que nasceu em 23 de abril, com 47 centímetros e três quilos. A descoberta da gestação veio um pouco antes do nascimento do bebê. Mas como é possível um caso como do casal curitibano? A ginecologista Patrícia Oliveira, de Chapecó, considera que “não é uma coisa comum, mas também não é tão raro”. Segundo ela, acontece bastante.
A ginecologista aponta que a negação da gravidez pode ser um fator para que a mãe não perceba os sintomas. “Geralmente as mulheres começam sentir o bebê mexer próximo das 20 semanas. Têm mulheres, por algum motivo, até mesmo pela negação da gravidez, ou seja, a pessoa não acredita, acha impossível ou não quer estar grávida, que não sentem o bebê mexer. Claro, que tem bebês que se mexem menos”.
No caso da gravidez inesperada de Lana, ela contou que não percebeu nenhum sintoma de gestação. Além disso, ela estava com o ciclo menstrual regular e usava anticoncepcional. Conforme Patricia, tem mulheres que não param de menstruar, “elas continuam com pequenos sangramentos mensais, então elas acham que estão tendo os ciclos. Quando elas percebem começam as cólicas e entram em trabalho de parto”.
Anticoncepcional
Como no caso da Lana, pode ocorrer da mulher estar grávida e continuar o uso do método contraceptivo. Patricia contou que ela também passou por essa situação. “Fiquei sete anos tentando engravidar, fiz vários tratamentos, aí eu menstruei, em menor quantidade do que eu estava acostumada, mas comecei a tomar a pílula porque eu tinha desistido de engravidar. Um mês depois eu descobri que estava grávida”.
Conforme a Ginecologista o uso do anticoncepcional dificilmente causa algum problema para o bebê, pois, geralmente a mulher logo descobre que está grávida e para de usar. Além disso, as pílulas “são hormônios femininos, então, é muito difícil dar problema para o bebê, nesses casos”, ressalta a profissional.
Pré-Natal
Logo que descobre a gravidez é normal a mulher iniciar o pré-natal, que é o acompanhamento médico da gestação. Quando a mulher descobre tardiamente, como no caso da curitibana Lana, não é realizado esse acompanhamento. Conforme Patricia, descobrir tardiamente a gravidez não gera especificamente problemas para a mãe ou para o bebê, mas como não é realizado o acompanhamento desta gestação, algumas medidas que poderiam proteger a criança não são realizadas.
“Quando a gente faz o Pré-Natal, a gente faz exames de rastreamento para ver se tem doenças que possam afetar o bebê. Fazemos o uso de alguns suplementos para evitar problemas para a mãe e para o bebê, Então a gente perde isso. Claro que quem não faz nada, quem não fez nenhuma avaliação, não sabe se tem alguma doença que pode interferir na gravidez e acaba só descobrindo a gravidez no final, perdeu a oportunidade de tratar distúrbios, doenças para ela ou que podem prejudicar a criança. Perdeu a oportunidade de descobrir que o bebê tinha alguma má formação, ou alguma coisa que poderia intervir antes”, comenta.
Conforme Patricia, não é pela falta de acompanhamento médico que se perde o bebê, mas porque não se detectou situações de gravidade durante a gestação.
Menopausa
Segundo a ginecologista, ela já atendeu pacientes que acreditavam que os sintomas que sentiam eram referentes à menopausa. No entanto, o diagnóstico apontou para casos de gravidez. Em algumas pacientes a descoberta veio no sétimo ou quinto mês de gestação.
“Eu já fiz diagnóstico de mulheres com gravidez bem avançada, que não sabiam que estavam grávidas. Como eram mulheres mais perto dos 40 anos, elas achavam que estavam entrando na menopausa. Ou mulheres que têm ovários policísticos e ficam muito tempo sem menstruar, elas não acreditam que estão grávidas. Elas tiveram essa descoberta durante exames físicos de rotina, ou então, porque apareceu algum sintoma, foi na emergência e descobriu”.
Sinais
Atrasos menstruais, náuseas e vômitos, sonolência, aumento de peso, ausência de fluxo, movimentação fetal, esses sinais poderia sugerir que uma gravidez. No entanto, segundo a profissional nem sempre é verdade.
“Tem mulheres que acham que estão sentindo bebê mexer, mas é o que a gente chama de pseudociese, a gestação psicológica. Tem mulheres que tem náusea e vômitos , dor de cabeça, sonolência e dor na mama e que acham que estão grávidas, mas quando vão ver não estão grávidas, são sintomas de ansiedade. Ou mulheres que estão grávidas e não sentem nada. Então, tudo é possível. Às vezes a mulher está com dor no estômago, enjoada e vai no gastro para fazer uma endoscopia. Quando o médico pede o exame de gravidez, para poder fazer a endoscopia com segurança, percebe que elas estão grávidas. Isso é até bem comum.
